Acabei hoje de ler o Hotel Majestic... finalmente. Não me interpretem mal: a história do hotel outrora de luxo que se vai desmoronando à mesma medida que a situação no seu próprio país (Irlanda) se vai degradando com movimentos como o Sinn Fein e o IRA é interessante. Principalmente os momentos em que assistimos à convivência entre os hóspedes que teimam em permanecer no Majestic mesmo correndo o risco de levar com o tecto na cabeça. Há vários passos em que soltamos uma ou outra risada perante as situações em que certas personagens se colocam (ri bastante quando as parvas e ingénuas gémeas, filhas do dono do hotel, pediram dinheiro emprestado a um dos hóspedes para poderem ir a Dublin para serem violadas como toda a gente... o problema é que as duas parolas ali encerradas no hotel desde o dia em que nasceram não sabiam o que significava ser violada e pensavam que era um tipo de moda nova...). Também a saga dos gatos que proliferam pelo hotel em decadência e a extrema necessidade de os fazer desaparecer para que se possa organizar um baile em condições acaba por ter graça. Especialmente quando, pela falta dos muitos gatos, começam a surgir ratazanas na pista de dança, junto dos convidados ilustres. Enfim, a degradação do Majestic gera momentos de leitura muito divertidos porque poucos conseguem realmente perceber o que se passa à sua volta. Vivem no hotel como se este ainda merecesse cinco estrelas. Porém o Major, personagem principal, percebe bem o que o rodeia (no que diz respeito ao hotel porque quanto ao amor é mais cego do que uma toupeira) e é o único sensato que, aos poucos, toma para si a função de salvar o Majestic. A noite do baile que já referi é, para mim, o momento mais empolgante no livro pela quantidade de "fogos" que se acendem devido a bebedeiras e a que o Major tem de acorrer de modo a minimizar os estragos.
Contudo não amei o livro. Estava muito curiosa para lê-lo, mas, no fim de contas, não o adorei. Os momentos em que surgem documentos sobre as questões entre católicos e protestantes e aqueles em que a acção gira em torno dessa luta foram, para mim, um pouco custosos, já que é uma parte da História que não domino muito bem. Assim, acabei por ir aprendendo umas coisas enquanto lia, mas creio que não foi o suficiente para apreender devidamente toda a acção. Mea culpa. Também não criei empatia com as personagens, que me foram parecendo todas muito superficiais sendo, por isso, difícil criar qualquer ligação com elas. Parece que as olhei sempre de cima, sem procurar percebê-las realmente e sem sentir a necessidade de o fazer. Resumindo: em determinada altura só queria ler para despachar o livro. Nada a fazer: estes desapontamentos também fazem parte da vida de um leitor.
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