Tomei conhecimento pelo blogue Stone Art Books de um desafio em que se fala de livros. Levantei logo a orelha. Ora, a ideia era a de que a partir do dia 1 de Fevereiro se respondesse a um tópico por dia, às três horas da tarde, sendo todos eles relacionados com livros e leituras.
Depois de, num comentário, ter considerado o desafio interessante, a autora do referido blogue tentou-me a participar nele também. Mas como não consigo publicar todos os dias, não consigo seguir o ritmo previsto para as publicações. Por exemplo, neste momento levo quatro em atraso. Vou, por isso, tentar tratar dos primeiros quatro tópicos já nesta quixotada. Perdoem-me as inventoras do desafio, mas não consigo mesmo fazê-lo de outro modo. Ora, assim sendo e como se pode, cá vai:
1. Top 5 dos livros lidos: É sempre difícil escolher APENAS cinco livros quando já se leram tantos e alguns deles tão, mas tão bons. No entanto, parece-me possível chegar a esses tais cinco que são, até hoje, os que me ficam na memória como OS livros, as histórias que movem o mundo da literatura e que têm de ser lidas pelo menos uma vez antes de morrer. O primeiro é fácil: Dom Quixote de la Mancha. Já aqui falei tanto do livro que inspirou o nome deste blogue que nem vale a pena alongar-me. Resta dizer que ainda agora o estou a reler, desta vez em edição crítica e no original espanhol. Está a ser uma experiência fabulosa. É cliché, eu sei, mas no Quixote está tudo. A vida inteira, a Humanidade, os valores de sempre e para sempre couberam naquele livro. Passar uma vida inteira sem conhecê-lo é deixar passar a oportunidade de ler as melhores páginas alguma vez escritas.
Depois David Copperfield, de Charles Dickens. Antes de o ler pensei que não gostaria nada de ler descrições de cenas de pancadaria sobre uma criança, mas o livro é muito mais do que isso e, por incrível que pareça, o narrador até consegue narrar os seus infortúnios com uma pitada de humor. A história, muito parecida com a do próprio Dickens, é um retrato de uma certa Inglaterra e oscila entre o doloroso e o delicioso. Há personagens com as quais criamos óbvia e imediata empatia e outras que são demasiado asquerosas, mas que, por isso mesmo, se revelam muitíssimo bem construídas.
Em terceiro lugar, talvez fique o livro Todos os Nomes, de José Saramago, um romance maravilhoso sobre o anonimato, sobre a solidão, sobre o que somos para os outros, mesmo para aqueles cuja existência desconhecemos. Este livro é, para mim, a prova de que Saramago era o melhor do seu tempo e um escritor inigualável no nosso país. É um motivo de orgulho e merecedor de todas as leituras e releituras possíveis.
Em quarto lugar, talvez o livro Olhai os Lírios do Campo, de Érico Veríssimo. Um livro tão doce e ao mesmo tempo tão capaz de revolver o estômago. Tenho um fraquinho pela literatura brasileira e este autor é um dos que, para mim, escreveu as mais bonitas linhas em português do outro lado do Atlântico.
Por fim, e só podendo escolher mais um, Os Maias, por ter sido um dos poucos livros capaz de tirar-me o sono. N’Os Maias, a parte que mais me agrada nem sequer é a do enredo amoroso, mas sim a da vida social, das soirées, as discussões sobre política e sobre finanças, as tentativas pitorescas de organizar em Portugal eventos correntes noutros países europeus, resultando tudo geralmente numa enorme bodegueira.
2. Livro detestado: Agora atirem-me com tomates podres, cubram-me com toda a vergonha do mundo, mas o livro que mais odiei e mais me custou a ler foi mesmo a Eneida, de Vergílio. Senhores, cada página era uma dor nova que me dava. Gostei muito da Odisseia, gostei da Ilíada, amo Os Lusíadas, mas a Eneida é apenas tortura para mim. Depois de perceber as interpretações de cada coisa, até admiti que o autor tinha sido um génio. Ainda assim, recordo essa leitura como a mais violentamente dolorosa desde que me tenho por leitora.
3. Livro que leste mais vezes: Empate técnico entre Dom Quixote de la Mancha e Harry Potter e a Pedra Filosofal.
4. Livro que te desiludiu: Os Pilares da Terra foi uma tremenda desilusão. Ouvi falar tanto naquele romance histórico, diziam-se maravilhas e afinal foi do mais reles que já li. É demasiado previsível para ser verdade. E é demasiado inverosímil. Não sei se o autor é sempre assim porque não voltei a ler nada dele, mas fiquei com a sensação de que quis colocar “cérebro de século XX” em personagens do período medieval. E depois, repito, aquilo era previsível página a página. Nem sequer li o Mundo Sem Fim, precisamente por esperar mais da mesma estopada.
E, antecipando a resposta de amanhã,
5. O livro mais longo que já leste: Penso que foi o Quixote numa edição com novecentas e tal páginas. Valeu bem a pena.
bem vinda!!!!
ResponderEliminarObrigada. :)
EliminarAh, Dom Quixote vou ver se ganho coragem para ler este ano!
ResponderEliminarGanhe coragem porque é uma leitura inesquecível. Cervantes estava muito à frente do seu tempo. É um livro extraordinário.
EliminarNão esperando nenhum clássico da literatura mundial, tens que dar uma nova oportunidade ao Ken Follett. Gostei imenso da trilogia O Século e li mais um ou outro dos pequenos (Triplo, O estilete assassino...) que são uma óptima leitura mais light, na praia por exemplo...
ResponderEliminarTenho ali essa trilogia e tenciono deitar-lhe o olho, mas confesso que estou um pouco de pé atrás com este autor. Isto porque Os Pilares da Terra tinha uma fama brutal, era considerado um romance histórico praticamente perfeito e impossível de largar e no fim de contas foi, para mim, uma desilusão. Espero que a trilogia seja melhor e menos previsível. Também comecei a ler há uns tempos um que saiu dele (julgo que era Uma Fortuna Perigosa) e voltei a largar porque não gostei do estilo do autor. Parece-me demasiado simplista. Mas darei oportunidade à trilogia. :)
ResponderEliminarEu tb abandonei o primeiro volume d'Os Pilares da Terra e um que se chamava Um Homem Misterioso, acho...
EliminarOra sendo eu de Marte,e o único participante de outra Galáxia a participar no desafio "uma paixão chamada livros", aproveito para te dar as boas vindas e confessar que já estou atrapalhado, na publicação do comentário, pois o meu blog é do sapo, mas o robot Hal 9000, nova geração diz que parece que descobriu. vamos a ver .
ResponderEliminarSaudações Marcianas
O robot Hal 9000, nova geração diz que fomos bem sucedidos, vamos então aos comentário: tenho que confessar que dos cinco livros mais lidos não conheço o do Erico Veríssímo, aliás nunca li nada dele e infelizmente ainda não li o Dom Quixote e sei (aliás confirmado pelas suas palavrass) que ele bem merece ser lido.
ResponderEliminarSaudações Marcianas
"A Eneida" nunca li, mas tomei nota da sua opinião, na pergunta "o livro mais detestado". O meu é tão mau que me recuso a mencionar o autor ou o título do livro, dou pistas, para não lhe fazer publicidade é um "best-seller internacional".
ResponderEliminarSaudações Marcianas
Na terceira questão: "o livro mais vezes lido", confesso que não li nenhum dos que menciona, mas tenho os do Harry Potter, aqui na nave espacial.
ResponderEliminarSaudações Marcianas
A sua resposta à quarta questão é verdadeiramente demolidora, e registei com bastante interesse a sua opinião sobre o livro e o autor, já que ambos me são totalmente desconhecidos.
ResponderEliminarSaudações Marcianas
E chegamos à quinta questão (e aqui se tivesse a opção de colocar uns bonecos, utilizaria o do rosto muito vermelho , pois não li o D.Quixote. O Marciano, não a maça mais, mas sabe eu e o robo Hal 9000, nova geração, temos o blogue à 40 dias e adoramos colocar comentários sobre livros, filmes e música. Esperamos que passe por Marte e conheça o "Noticias de Marte". Segunda-feira às 15 horas, iremos ter mais uma pergunta, bom domingo.
ResponderEliminarSaudações Marcianas