Eu não sou uma pessoa dada a frases bonitas. Melhor: não gosto de frases bonitas porque as pessoas destruiram as “frases bonitas”. Banalizaram-nas ao ponto de atribuir a autoria de uma determinada frase a alguém que nunca a proferiu. O mundo das redes sociais está pejado de exemplos que dão como sendo de Pessoa, de Borges, de Saramago e de muitos outros palavras que nunca disseram. E, como se não chegasse, muitas das frases consideradas “bonitas” por muitos são totalmente vazias de sentido. Boa parte delas são parvas até. E depois o mundo, partilhando-as até à exaustão num fundo de céu nublado ou em modo campo de flores, partilha a estupidez e assim vão andando as coisas. No fim de contas, o trigo fica por separar do joio e aquilo que importa mesmo fica perdido no meio de tanta mediania cretina. Quantos pensam de facto na “frase” de que tanto gostam? Quantos pensam no que pode (ou não) querer dizer antes de a partilharem com o mundo? Poucos, aposto. E por isso o Facebook parece a parada dos carros alegóricos das palavras bonitas que juntas não fazem uma frase de jeito.
Há uma ou duas que me aquecem o coração e nas quais encontro, de facto, algum significado. Por isso inicia-se aqui o espaço “De Génio”. Para mim, as frases que aqui tomarão lugar são mesmo de génio e significam alguma coisa para mim. Pode ser que algum dia faça o espaço “De Parvo” para todos os ditos que não dizem nada, mas que, mesmo assim, movem multidões.
Ora, começamos com livros e com leitura e com uma frase que mostra isto: as muitas vidas que lemos nos livros, as muitas decisões difíceis que vemos as personagens terem de tomar, as muitas histórias e caminhos e obstáculos, ainda que no papel, ensinam-nos. Um dia, quando for necessário, o que aprendemos vem-nos à memória e saberemos o que fazer com o que lemos. Já o dizia Oscar Wilde:
“É o que lemos quando não temos de o fazer que determina
o que faremos quando não o pudermos evitar."
Concordo com tudo o que escreveu, na net atribui-se frases a autores que nunca as disseram, mas o mesmo ocorre na pintura e fotografia, ainda ontem encontrei um exemplo, na célebre foto intitulada "Le Baiser de l'hôtel de ville" de Robert Doisneau, que estava atribuída a Henri Cartier-Bresson. Ainda nas citações de frases, muitas vezes não dizem a origem delas, há uma frase de Boris Vian repetida com uma certa exaustão na net, mas ninguém refere de onde foi retirada.
ResponderEliminarIrei passando por aqui.
Cumprimentos