terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Quixotadas curtas VI

Já há muito tempo que não largo por aqui umas quixotadinhas em tamanho mirim. Ora vamos lá:

1. O meu frigorífico avariou no final do ano passado, mesmo perto do Natal. No mês anterior tinha acabado a garantia de dois anos dada pela marca. Felizmente, tínhamos comprado a extensão de garantia da loja. Não só a marca, mas também a própria loja disseram a aterradora frase “Os electrodomésticos estão feitos para durarem apenas o tempo da garantia.”. Pena é que não tenham preços próprios de coisas que só vão ser usadas durante dois anos. Bom, seja como for, enquanto o frigorífico esteve prestes a morrer, a conta da electricidade disparou. Já esperava. Mas para terem uma ideia, a diferença entre a época em que o frigorífico esteve a funcionar mal e o momento presente em que temos um frigorífico novo (a extensão de garantia é o dinheiro mais bem empregue de sempre, acreditem) a diferença na conta da electricidade é de mais de dez euros. É assustador. Felizmente o problema resolveu-se da melhor das formas e depois de duas contas fora do normal, eis-nos regressados a contitas mais modestas, como eu gosto.

2. E já que falamos em dinheiro, deixem-me partilhar convosco que estou expectante de que a pedra que a minha gata tem na bexiga seja um diamante com carradas de quilates. É que hoje precisei de ir comprar um medicamento que me tinha acabado e que a bichana anda a tomar e assim, num abrir e fechar de olhos, foram mais trinta e cinco euros. Desde que o ano começou, os gatos já nos levaram a gastar quase quinhentos euros, entre vacinas, medicação e ração especial. Contudo, lá está, eu reclamo reclamo, mas não consigo saber que eles precisam de cuidados e deixá-los sem eles. Enquanto puder, é assim que vai ser. E oxalá possa cuidar sempre tão bem deles.

3. E já que falo de gatos, há umas semanas alguém colocou um anúncio no OLX em que trocava uma gata por um iPhone ou por algo que lhe interessasse. A gata era lindíssima, tinha uns sete meses, e a acompanhá-la vinham todos os seus objetos (caixa de areia, entre outras coisas). Mas trocar um animar por um iPhone foi para aí a coisa mais asquerosa que já vi. Esse anúncio foi retirado depois de algumas pessoas se manifestarem veementemente contra a podridão dos valores que levam alguém a trocar um animal de estimação por um telemóvel. Para mim, quem o faz é reles e merece ficar sem a gata e sem o telemóvel. Quanto à peluda, espero honestamente que lhe calhe melhor dono do que o desgraçado que tem tão pouco apego a um animal que prefere trocá-lo por um telemóvel dos bons. Acho que já perceberam que estou a tentar segurar-me porque o que penso mesmo sobre tal pessoa envolve tantos palavrões que não chegariam os asteriscos. Acho mesmo que os palavrões e insultos só seriam mais para o desgraçado que, também no OLX, tentou vender na mesma semana... um gato mumificado que adormecera (alegadamente porque não há como provar isto) no motor de um carro e que lá ficara morto por mais de um ano. No anúncio até dizia, em tom de gracinha, que o gato não largava pelo. A esta pessoa desejo... olhem, deixo à vossa imaginação. Mas se pensarem no Tribunal da Santa Inquisição terão uma ideia daquilo que desejo. Tenho medo do mundo em que vivemos e do facto de haver gente que olhe para os animais como coisas que não valem nada ou que, pelo contrário, valem dinheiro: vivos ou mortos. Pergunto-me como será o nosso futuro num mundo com gente desta e não auguro nada de bom. 

4. Odeio besuntar-me com cremes. Eu bem gostava de ser daquelas pessoas que saem do banho e passam o hidratantezinho sem reclamar, mas não sou. Ora, foi-me receitado um creme caro como tudo (pelo menos pelos meus parâmetros) e eu evito a todos os custos esfregar-me naquilo. Pareço um gato a fugir da água (menos os meus, que gostam bastante de água). Ontem fui aviar umas receitas à farmácia e vi que, da marca do creme que me fora prescrito, havia um óleo de banho que fazia o mesmo pela hidratação da pele. Fiquei encantada: tenho de tomar banho, portanto se o tratamento da pele se despachar no banho, é ouro sobre azul. Com a brincadeira ficaram quase dezoito euros em óleo de banho na caixa da farmácia. Cheguei a casa a pensar que enlouquecera. Depois vos direi se a coisa valeu a pena ou não.

5. Entretanto, e depois da ida à farmácia, apercebi-me de que tenho a sorte de viver num sítio onde há três coisas com atendimentos espectaculares: a farmácia, com as melhores farmacêuticas com quem já me cruzei e que são do mais prestável e atencioso que pode existir; as finanças, com gente que se põe num chinelo para resolver-nos os problemas e os correios, com gente também muito simpática e prestável. Nem todos têm a mesma sorte e se estamos para falar mal, também temos de estar para elogiar. 

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