quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Olhando para livros IV

8. Livro comovente

Esta é difícil porque não costumo ler coisas que saiba com antecedência que vão entristecer-me. É estúpido, eu sei, mas acho sempre que já existem realidades suficientemente más para ainda querer encontrá-las nos livros. Por isso, tendo a fugir a certos livros que têm a fama de serem comoventes. No entanto, nem sempre escapo verdadeiramente a estas surpresas e no ano passado li o Stoner, um dos melhores romances que já li.

A acção tem como protagonista um professor universitário que estava fadado para uma vida na agricultura. No entanto, apaixona-se pela literatura e pelos estudos clássicos e seguirá outro rumo. Contudo, a sensação que fica é a de que ficou sempre aquém do que poderia ter sido: um grande filho, um grande professor, um grande pai, um grande marido, um grande amante. Estão a ver o "Quasi", do Sá Carneiro? É o poema ideal para este livro em que parece que este homem tão normal falha sempre a vida.

O final, a solidão do final, é do mais comovente que já li. É triste que tanta infelicidade conformada caiba na vida de alguém, mesmo que seja apenas nas páginas de um livro. A arte imita sempre a vida e é comovente perceber que também nós podemos ficar muito aquém, podemos tornar-nos "nadas" e "ninguéns". Leiam que vale bem a pena.


2 comentários:

  1. Também foi a minha escolha para este desafio. :)

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    1. Foi dos livros mais extraordinários que já li. É incrível que não se fale mais dele. Merecia ser ainda mais conhecido.

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