Não consigo imaginar o que aquelas famílias das Caxinas devem ter sentido durante as horas em que nada souberam dos seus familiares desaparecidos no mar e em que acreditaram que desta vez a morte batera às suas portas e não às de outros. Muito menos posso conceber o que terão sentido os seis homens que estiveram desde terça-feira à deriva numa balsa para duas pessoas, sem saber se seriam encontrados ou se morreriam antes disso. Saber que, apesar do enorme susto, estão já em casa, tendo sido resgatados pela Força Aérea foi uma notícia que me deixou verdadeiramente emocionada.
Lamento que um país com uma zona costeira tão extensa trate tão mal os seus homens do mar. É triste que mecanismos de segurança para os pescadores, como as radio-balizas, sejam retirados por razões que ninguém consegue compreender. É embaraçoso viver num país onde muitos homens se arriscam diariamente no mar para acabarem por vender por tostões o peixe que nos mercados e nas grandes superfícies comerciais nos custa muito dinheiro. É um desrespeito enorme por pessoas que merecem toda a nossa consideração, mas que muito frequentemente esquecemos.
Cada vez mais somos uma sociedade de gente com estudos, de gente com graus antes do nome, de gente de fato e gravata. Contudo, Portugal também são os pescadores, os mineiros, os operários fabris, os pastores, os canalizadores, os operários da construção civil, as empregadas de limpeza e tantas outras pessoas que, não tendo um canudo com que acenar, melhoram as nossas vidas diariamente. Gente que não merece ser esquecida porque não é menos importante do que qualquer um de nós.
Fiquei de lágrimas nos olhos ao ver a alegria daquelas famílias e ao pensar no medo que aqueles pescadores devem ter sentido. De vez em quando é bom ver histórias com um final feliz. Mais ainda quando os protagonistas são as gentes das Caxinas, que todos os anos vêem os seus serem tragados pelo oceano, enquanto ganhavam o pão.
É a mais pura das verdades. Sou de uma vila piscatória e convivo desde sempre com as histórias tristes da vida e de muitas mortes de homens no mar... O meu avô foi pescador durante grande parte da vida. Muitas famílias aqui ainda dependem e vivem da pesca e têm os seus homens no mar. Ainda este ano houve um naufrágio horrível nos Açores e morreram 5 homens da terra. Foi muito triste e comovente a homenagem sentida da comunidade piscatória e de toda a população. Estes momentos são sempre tristes, mas infelizmente muito frequentes.
ResponderEliminarFico muito feliz por estas famílias que, depois de tanta angústia, viram os seus homens voltar para casa!