segunda-feira, 26 de abril de 2021

Os 84 anos de Guernica


A 26 de abril de 1937, há exatamente 84 anos, um pequeno lugar de Espanha foi bombardeado pela Legião Condor. O pouco que sobreviveu às explosões foi consumido pelos incêndios causados pelas bombas incendiárias. Mais de 85% dos edifícios foram destruídos neste ensaio alemão para os bombardeamentos a realizar durante a Segunda Guerra Mundial, que começaria poucos anos mais tarde. Pelo menos um terço da população de Guernica perdeu a vida nesse dia. 

O governo da Segunda República espanhola encomendou a Pablo Picasso uma obra de arte que representasse o ataque a Guernica e que pudesse mostrar-se no pavilhão de Espanha durante Exposição Internacional de Paris de 1937. E assim nasceu um dos quadros mais conhecidos e admirados do mundo. Uma representação não dos criminosos que destruíram aquele lugar, mas das vítimas que, num dia de mercado numa vila basca, encontraram a morte e a destruição. É por isso um símbolo dos horrores da guerra e uma homenagem aos que mais sofrem com as decisões belicosas de uns poucos. 

A Guerra Civil de Espanha não aconteceu nem há cem anos. Passou-se aqui ao lado e foi, para os alemães que se puseram do lado dos nacionalistas, uma oportunidade para ensaiar táticas militares que seriam aplicadas mais tarde, num outro contexto de enorme devastação. Quero com isto dizer que foi um acontecimento histórico de grande violência, com gente a tentar fugir passando a nossa fronteira e sendo travada por autoridades portuguesas. Aconteceu há pouco tempo, foi no seu contexto que milhares de civis foram fuzilados e sepultados em valas comuns, originou uma ditadura terrível, longa, sangrenta, e ainda hoje se lambem as feridas provocadas por esse inesquecível conflito entre gente do mesmo país: nacionalistas e republicanos. 

E, por cá, quantos de nós temos noção do que se passou em Espanha depois de 17 de julho de 1936? Quantos de nós olhamos para o quadro de Picasso e sabemos mais sobre ele além do nome que lhe deu?Bem sei que não podemos saber tudo, mas a sério, leiam sobre este tema. Foi um dos grandes acontecimentos do século XX e, acreditem, há livros de aventuras, policiais e romances de espionagem que não são de modo algum tão interessantes como o que se passou no país vizinho durante o século passado. E conhecendo melhor o que se passou, torna-se impossível não imaginar a chaga que uma tão acesa luta fratricida deixou num país e nas suas gentes.




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