terça-feira, 20 de abril de 2021

A Menina Sugere Isto XLI



Hoje não sugiro livros. Hoje escolho sugerir silêncio a quem diz esta parvoíce a alguém que goste de livros. Encontrei no Instagram e o @bookofthemonth que me perdoe, mas tive de trazer para aqui. 

É que, vamos lá ver, cada leitor saberá se tem os livros suficientes ou não. E a noção de muitos livros é diferente de pessoa para pessoa. Há quem não tenha nenhum e viva bem assim. Há quem tenha dez e ache que são suficientes. Há quem tenha cem e considere ter poucos. Há quem tenha mil e decida não comprar mais, não porque tenha muitos, mas por não ter espaço para mais (ter muitos e não ter espaço para mais são coisas diferentes). Há quem tenha mais de mil e ainda assim ache que não tem todos aqueles que gostaria de ter. As combinações são muitas e, nisso das bibliotecas pessoais, cada um sabe de si. 

Digo há muito tempo que isso de se ter “demasiados livros” é coisa que não existe. E mantenho essa ideia. A biblioteca pessoal de cada um é isso mesmo: pessoal. Até posso não ter tempo de vida para ler tudo o que queria ler, mas é problema meu. Mais: nunca soube de ninguém que tivesse deixado de comprar livros por uma pessoa lhe dizer que tinha já demasiados. Ou seja: o comentário tem tanto de idiota como de inútil. Não vai mudar um comportamento, não vai fazer com que o dono dos livros tenha uma epifania e pare de aumentar a biblioteca, e muito provavelmente vai apenas fazê-lo revirar os olhos. Em última análise, a frase diz muito sobre quem a diz e nada sobre aquele a quem é dita. 

Portanto, hoje a Menina sugere o bom e velho silêncio. Se virem muitas prateleiras cheias de livros, pensem apenas que está ali alguém que gosta de ler e de saber coisas novas. Alguém que não quer passar pela vida sem passar os olhos por todas as histórias que puder. Alguém que contribui para que o livro não morra. Alguém que provavelmente não perguntou nada sobre a quantidade de volumes que tem e que, como tal, não precisa de comentários ridículos. Alguém que não precisa de uma exibição gratuita de ignorância e petulância alheias.  

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