terça-feira, 2 de julho de 2019

Um "eureka!" bastante atrasado

Acabei de ouvir o Nuno Júdice no seu espaço para comentário na SIC perplexo por muitos professores correctores dos Exames Nacionais serem docentes do ensino privado. Mais ainda: espantado por isso acontecer devido à avalanche de atestados apresentados pelos professores do público nesta fase do ano e que os retiram das listas para a correcção de exames.

É extraordinário assistir a isto e pensar: bolas, isto já acontece há tanto, mas tanto tempo e só agora é que olham para este problema como se fosse de agora? Como se fosse novo? Caros senhores, o problema é mais do que antigo, há anos que os professores dos privado - sempre entre a espada e a parede - são o recurso para uma tarefa a que não conseguem escapar e que é só mais um prego no caixão onde enterrarão o amor pela profissão (igual àquele em que eu arrumei o meu). Há muitos anos que reclamamos do mesmo, mas os docentes do privado não têm voz suficiente para se fazerem ouvir e sentem que lutam sozinhos. Falo porque o vivi. Porque nunca tive nenhum dos direitos concedidos a um professor que corrige exames nacionais. A administradora da chafarica onde ensinei durante vários anos achava que tínhamos de nos orgulhar por sermos chamados para a correção de exames. Quanto à dispensa de reuniões não urgentes por estar a corrigir exames... Não se aplica. Os dias extras de férias? Não se aplica. O reembolso das deslocações ao agrupamento de exames para ir buscar ou entregar provas? Não se aplica. Na hora H nada se aplica aos docentes do privado. E porquê? Porque as regras dependem da boa vontade de quem manda e, não raramente, quem manda é idiota.

Portanto, Sr. Nuno Júdice e quejandos, o problema referido é velho como o tempo. O que acontece é que nunca ninguém olha para os docentes do privado. Ninguém vai escutar o que eles têm para dizer. No dia em que o fizerem, terão o verdadeiro estado do ensino em Portugal. 

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