terça-feira, 16 de julho de 2019

Julho?

Hoje, antes de ir para o trabalho, olhava pela janela e vi duas meninas pequeninas pelas mãos dos pais arrastarem as suas toalhas de praia até ao carro. Usavam T-shirts de colónias de férias, pelo que deduzo que terão mais dias de praia pela frente. Curiosamente, quase a chegarem ao carro, veio uma rabanada de vento daquelas que parece que até o escalpe nos vai levar. Fabulosas condições meteorológicas para ir a banhos, portanto.

O problema é que realmente não era suposto isto. Não se esperavam dias sucessivos de tempo esquisito e nada estival. E, portanto, os pais, que não têm tanto tempo de férias quanto os filhos e que precisam de lhes ocupar os dias, fizeram o que podiam inscrevendo-os em colónias de férias que enchem a Costa de Caparica diariamente.

Fiquei a pensar que, de facto, já nada é tão fácil como antes. Nem o tempo, nem as férias dos miúdos, nem a vida dos pais. Eu também fui à praia em colónias e apanhava quase sempre dias de Sol. Nessa altura já avançávamos em passadas largas para a destruição do planeta com os nossos comportamentos selvagens (quem, da década de 90, não se recorda dos milhões de bastõezinhos coloridos de cotonetes no areal da Praia do Rei e da Praia da Rainha?). Mas não se falava disso como hoje e os dias iam correndo. No Verão fazia calor, no Inverno frio e o Outono e a Primavera eram o que tinham de ser. Quando a minha mãe me inscrevia na colónia de férias nunca pensaria que os meus quinze dias de praia fossem passados com o casaco vestido. Geralmente estava bom tempo e mesmo que houvesse um ou outro dia mais cinzento, era a excepção e não a regra.

Actualmente já não é assim. Os pais precisam mesmo de ter onde deixar os filhos e as colónias que fazem dias seguidos de praia são uma óptima solução: os miúdos divertem-se enquanto os pais trabalham e a praia faz-lhes bem. Rapidamente os pais parecerão lulas ao lado da pele bronzeada dos pequenitos. Mas depois há isto: chegar ao carro é já uma luta contra a tempestade. E os pais devem ir para o trabalho pouco sossegados ao imaginarem os miúdos em processo de congelação à beira-mar. 

Julho? Naaaaaa...

Sem comentários:

Enviar um comentário