sábado, 25 de fevereiro de 2017

É uma solução, é...


O Vermeer é que a sabia toda! Provavelmente o meu problema é mais antigo do que eu...

Então vejamos: quando faço um rabo de cavalo, rapidamente fico com uma espécie de auréola de cabelos louros pequenitos que se soltam à volta da minha testa. Ao fim de uma hora estou bastante esguedelhada e parece que andei à porrada com um guaxinim enraivecido e que ele ganhou. Gostava, que gostava mesmo, de conseguir um rabo de cavalo sem cabelitos a soltarem-se por todos os lados, mas parece que o fado não mo permite. Camões seria menino para deixar este problema imortalizado num soneto (já não é a primeira nem a segunda vez que me dizem que tenho uma beleza renascentista e se vos contasse que já uma pintora já me parou na rua para dizer-me isto e dar-me um cartão seu para me fazer um retrato um dia...), mas, infelizmente, já por cá não anda e, portanto, os meus revoltados cabelos doirados ficarão no esquecimento, ocupados apenas a enervar-me quando faço um rabo de cavalo.

Ora, este quadro de Vermeer, intitulado «Rapariga com brinco de pérola», retrata uma moça que resolveu bem a coisa: espetou com um lenço na zona problemática et voilà! Nem um pelinho se lhe solta por ali! Eu gostava de algo mais fresquinho, mas como tenho um cabelo mais indomável do que o presidente Trump (ainda que mais sensato... o meu cabelo, claro), talvez só mesmo imitando esta menina deixe de parecer uma figura divina num retrato medieval com uma auréola douradinha a proteger a cabeça em jeito de capacete. Isto uma pessoa tem de valer-se do que há, não é verdade? Pois se esta moça está a mostrar o caminho, é só enfiar um brinquinho de pérola e esperar mais convites para posar para um quadrinho catita.

Nota: Nunca compareci para ser pintada pela senhora. Mas agora reparem na coincidência: sem que alguma vez eu tivesse contado isto a algum dos meus antigos colegas de trabalho, vim a saber que uma antiga colega de História me usava como exemplo para explicar aos alunos o ideal de beleza renascentista. E agora um bocadinho de gabarolice: usava-me a mim e ao quadro «O Nascimento de Vénus». Assim dá gosto!

6 comentários:

  1. Ah, sua vaidosa!
    (tenta usar cera para o cabelo, um bocadinho de nada faz milagres, era o que usava para manter o cabelo preso no exército)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Vou experimentar. Tenho o cabelo fino, mas muito cabelo. Desde pequenita que os meus rabos de cavalo se transformam nesta anarquia. Se houver vento, piora. Hoje cheguei a casa tão, mas tão descomposta que até me senti mal. Lol

      Eliminar
    2. O meu cabelo originalmente é grosso, tem canudos e faz o que lhe apetece. A cara era a única solução. Agora de há uns anos para cá comecei com os alisamentos e foi remédio santo, estou sempre penteada.

      Eliminar
    3. Ai, gosto demasiado do meu ondulado suave para alisar o cabelo. Conheço muita gente que o faz e anda sempre arranjadinha, mas por enquanto não me sinto capaz de abandonar as minhas ondinhas. Gosto muito delas. :)

      Eliminar
  2. Que giro :)
    Ainda pensei que tivesses cabelitos novos a crescer e que por isso ficavam em pé, mas ao ler a tua resposta ao primeiro comentário percebi que não.

    Olha que bom para os alunos terem um exemplo ao vivo e a cores! Agora estou aqui a tentar imaginar-te!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Alguns até podem ser cabelitos novos. Não sei. Sei que fui sempre assim. Há fotos minhas em pequenita com rabos de cavalo e uma aureolazita de cabelos louros a brilharem ao sol. Não há uma imagem minha com um rabo de cavalo sem cabelitos em fuga. Só quando ele é esticado é que estes malandros quase, QUASE, desaparecem. Mas esticá-lo implica perder o ondulado natural e não quero isso.

      É engraçado, realmente. Quando mais do que uma pessoa to diz, começas a acreditar. Deve ter que ver com a pele branca, a cor do cabelo, o facto de ser, normalmente, compridito e o formato do rosto. Além de que, geralmente, tenho umas bochechitas com um tom rosado (abençoada base que vai escondendo isso). Tudo o que Camões refere, portanto. Depois, como não gosto de abafar-me muito, geralmente as minhas camisolas têm um pouco de decote e vê-se aquilo que os renascentistas chamavam o «colo». A senhora que me quis pintar referiu isso mesmo. É um episódio a que acho muita graça. Depois quando comecei a ter alunos a olharem para mim e a relacionarem-me com as explicações da professora de História e as definições do manual percebi que se calhar há aqui mesmo uma semelhança qualquer. Enfim, tem graça e fica para contar aos netos. :)

      Eliminar