sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

A Menina Quer Isto LXXIX


É um curto romance publicado pela Colibri, no qual Cervantes, já no leito de morte, é visitado por Dom Quixote e ambos conversam. Sendo que Dom Quixote viveu dentro dos sonhos de Cervantes e que depois o próprio Cervantes viveu dentro da sua personagem quando esta ganhou asas e fama, passando a voar sozinha, não é difícil perceber de onde virá o título. Mais: quando Cervantes morre, em Abril de 1616, já ele dera a morte à sua personagem na segunda parte da obra, publicada no ano anterior. Porém, as personagens não perdem a vida. Ganham-na enquanto restarem no papel e na memória e é por isso que nesta ficção, o autor moribundo pode discutir vários temas que lhe foram queridos com a sua mais querida criação.

O livro tem um prefácio escrito por Mário de Carvalho e parece-me desejoso de pular aqui para a estante dedicada aos Quixotes. Portanto, a menina quer isto. 

4 comentários:

  1. Tens imensas sugestões de livros e biografias que desconheço. Pior, tenho receio de comprar para depois perceber que é tudo treta ficcionada. Há vários livros assim e infelizmente há críticas que não são confiáveis.
    Mas inculta e ignorante que sou, ainda não li o teu mui estimado Dom Quixote. Está na estante há muito mas ainda em espera. Mas vou já apontar este.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Este vi-o sugerido no Expresso Diário de hoje. De resto nunca me passou pelas mãos, mas a ideia de que parte o livro tem a sua piada. Gosto sempre de ver como ainda conseguem inventar mais isto e mais aquilo a partir de uma personagem do início do século XVII.

      Lê o Quixote. Mesmo. É uma surpresa tão boa. Eu achava que não ia gostar porque histórias com cavaleiros andantes nunca foi bem a minha praia, mas o Quixote é tão diferente de tudo que é difícil não gostar. Mas mesmo que não se goste, é impossível não admirar o trabalho literário que ali está.

      Eliminar
    2. Vou ler, sem dúvida. E quero muito lê-lo. Sei que vou gostar. Provavelmente quando começar a ler vou querer chicotear-me, é o que acontece quando espero muito para ler livros que à partida sei que gostarei mas que adio. E Quixote é um marco.
      Em casa dos meus pais existem inúmeras edições. Comprei a da editora Dom Quixote, uma edição comemorativa dos 50 anos, salvo erro. Com valiosas anotações, mas caso tenhas outras a sugerir-me, agradeço.
      Com tantos livros por ler, perco-me. Leio bastante mas compro muito mais do que leio. Todavia, este ano vou lê-lo. Como já sabes, só paro o que estou a ler quando terminar a última frase do último volume. Manias. Sempre fiz isto. Aconteceu com "O Homem sem qualidades", que me foi difícil ler pelo carácter filosófico mas muito recompensador, depois, com a Trilogia do Cairo (Mahfouz), com "Guerra e Paz", com os karamazov, com "O quarteto de Alexandria".

      Outra coisa, eu explico-me muito mal pela escrita, já deves ter reparado. Quando disse que não compro certas biografias e livros, não me refiro aos que sugeres. São outras que vejo e que me fazem ficar na dúvida se valem a pena ou não. Orlando Figes parece ser muito bom, mas não sei. E por vezes não compro com medo de ser treta.

      (Só para saberes: temos mais 6 vitelinhos e 2 potros em Portugal, na zona de Santarém. Livres e lindos! E assim ficarão, disseram-me os donos. Emociono-me muito nestes partos. Estou muito dorida e muito cansada mas imensamente feliz :))

      Eliminar
    3. Eu faço colecção de edições do Quixote (tenho uma grega que é deliciosa: não percebo nada daquilo!). Não há uma edição portuguesa pela qual seja capaz de matar, embora talvez a amarela da Relógio D’Água seja das melhores (ainda que com poucas ou nenhumas notas, parece-me). Tenho aquela de que falas, mas ainda não a li. Ando a ler pacatamente a última edição da Real Academia Espanhola, que é um monumento. Notas quase para cada palavra! Obviamente, ler pela primeira vez no castelhano do século XVII e a parar para ler as notas não é boa ideia, por isso fica com a da Dom Quixote que é melhor. Depois um dia, quando já tiveres lido pela primeira vez, lança-te à versão do Aquilino Ribeiro. É uma experiência e tanto.

      Acho que me deste tema para outro «Peculiaridades de um leitor»: isso de querer ler os volumes todos de seguida. Sou tão diferente. Acho que só conseguiria fazê-lo com o Harry Potter, imagina...

      Compreendo o que dizes. Há livros que na teoria são magníficos, mas que na prática e quando efectivamente folheados deixam a desejar. Aconteceu-me isso há uns anos com uma biografia do nosso Dom Pedro IV. A sinopse parecia boa, mas depois comecei a ler e aquilo era lamechas e mais parecia baseado em lendas do que em factos. Não viria mal ao mundo se não fosse vendido como uma biografia e não como uma biografia romanceada. Há ideias boas que na prática correm muito mal. Também já apanhei uma ou outra desilusão com livros que pedi, embora, confesso, não tenha acontecido muito. Também, muitos ainda não foram lidos. Tal como tu, compro mais do que aquilo que consigo ler pelo que a pilha vai ganhando altura (na verdade já não há pilha: limitam-se a ficar nas estantes). Mas a minha teoria é a de que vale mais comprar quando tenho dinheiro, mesmo que leia depois, do que nunca comprar e um dia já não poder. Agora, por exemplo, tenho de me furtar a esses gastos, que é o que me custa mais. Mas pronto: a biblioteca está cheia, há muito por onde escolher e isso consola-me.

      Quanto aos bichinhos: que maravilha! Deve ser um espectáculo e tanto o nascimento de um animal. Nem imagino como seja. Se eu fico doida com os meus dois tontos, não imagino como seria se os tivesse visto nascer! Os animais são do que melhor temos no mundo, não só os que vivem connosco, mas todos. O que lamento é que tantos pensem que eles servem para serem nossos escravos e que o ser humano veio para mandar nos animais todos. Isso revolta-me. Mas agora não importa: é um momento feliz. Parabéns pelo acontecimento! :)

      Eliminar