segunda-feira, 3 de setembro de 2012

A espera

Eu, tontinha, pensava que as Lojas do Cidadão serviam para nos facilitar a vida. Mas parece que não: aparentemente servem, sim, para nos dar cabo da paciência e para nos fazer rugas. Atura-se a má educação de outros utentes, por vezes também a dos funcionários (embora hoje não tenha sido esse o caso, já que fui atendida por um senhor muito simpático), os tempos de espera infindos, a falta de espaço, todo um mundo de pérolas boas de que facilmente abdicaríamos.
 
Lá fui eu pedir o excomungado registo criminal à Loja do Cidadão das Laranjeiras. Normalmente ia à dos Restauradores, mas qual não foi o meu espanto quando há uns meses constatei que o balcão do Ministério da Justiça havia sido fechado naquele edifício da Baixa. O balcão mais próximo encontrava-se nas Laranjeiras e, a substituir o que fechara, estava o de Marvila, na Belavista. Ora, este último fica fora de mão e o outro está entupidíssimo. Na última vez que fui às Laranjeiras estive duas horas à espera. Hoje estive três, tendo por única companhia o Sr. Saramago na figura do Caim. Eu, que até sou lenta a ler, tive tempo de ler metade do livro enquanto estive naquele inferno na terra. Quando cheguei, às duas da tarde, tinha umas módicas cento e trinta pessoas à minha frente. Fui atendida às cinco horas. Pelo meio tive tempo para fazer um lanchinho e para observar o ser humano no que tem de mais deselegante e egocêntrico. Foi uma viagem ao estilo National Geographic.
 
Não percebo que lógica existe em fechar-se um balcão tão central quanto o dos Restauradores e substituí-lo por um tão distante quanto o de Marvila que, segundo os funcionários das Lojas do Cidadão das Laranjeiras e dos Restauradores, está às moscas. Pedir o registo criminal em Marvila é coisa para levar cinco minutos, enquanto que nas Laranjeiras demora três horas. E antes que me digam que as pessoas da zona oriental da cidade também têm direito a ter este serviço sem necessidade de atravessar a cidade, deixem-me dizer que essas pessoas têm à disposição o balcão do Campus de Justiça, no Parque das Nações, onde também se pode obter o registo criminal. Por isso, e mesmo achando injusto, creio que da próxima vez prefiro passar o tempo em transportes em vez de passar tempo infinito numa sala de espera apinhada. É que depois de tanto tempo a aguardar pela minha vez, já me custa ouvir a conversa que se resume a um «Ó menina, se tivesse ido a Marvila já estava despachada há mais de uma hora!».

1 comentário:

  1. Serviços Públicos é do pior :/ imagino o caos aí de lisboa, bem eu não entendo nada onde fica cada uma das lojas que mencionaste mas estar lá 3 horas é de levantar as mãos à cabeça. Muita paciência. :)

    *** quanto a mim... ao meu novo job, trabalho numa pastelaria aqui da zona muito conhecida, mas em principio é para trabalhar só aos fins de semana, e à semana vou tentar um estágio profissional. :) e estudar uma língua ou assim para não perder bases do que estudei. Mas a tentar e a sonhar que 2013 vou para o Brasil. :)

    beijinho e boa noite Professorinha'

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