segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Ena, quase me sinto uma Pipoca!

Tenho andado pouco por aqui. Até tenho umas ideias para escrever, mas tenho estado cansada e acabo por não ligar o computador. Mas hoje... Hoje tive mesmo de vir. É que hoje senti-me uma blogger importante. Dei um pulo ao blogue no telemóvel e eis que me deparo com dois comentários anónimos a aguardar moderação que são uma pérola. Não os vou publicar nos comentários e responder-lhes por essa via porque achei melhor dar-lhes a glória de uma quixotada, de bons que são. Ora aí vai um print screen da coisa (carreguem na imagem para verem melhor, por favor):


Ora, esta criatura corajosa o suficiente para comentar o blogue de forma anónima quis deixar sua opinião relativamente à quixotada em que falei das leituras que fiz no ano passado e que ela não aprova. No primeiro comentário, começa por achar extraordinário que eu tenha dado aulas de português. Isto porque, na sua opinião, sou «poucochinha» e «baixinha». Bom, caro leitor-meio-enraivecido, acertou num ponto: sou baixinha. Tenho pena de não ter sido abençoada com mais uns centímetros, mas infelizmente a genética falou mais alto e, com um pai e uma mãe pouco altos, não poderia esperar crescer muito. Mas nada que uns belos saltos não resolvam. Quanto ao «poucochinha», fico a aguardar um novo comentário seu a explicar o que quer dizer com isso. Presumindo que seja qualquer coisa como «és limitadita, filha», a minha questão é: e parou a ler o blogue porque...? Por favor, substitua as reticências com a explicação que desejar. É que eu, quando vejo que o blogue não me acrescenta nada e que a escrita do autor mostra que ele não é lá muito dotado, prefiro optar por um livro. O mesmo acontece quando tenho o azar de me cruzar com um livro que não me aquece o coração: volta direitinho para a estante. Podia chamar-lhe nomes e assim, mas era perda de tempo. Também perdeu pelo menos treze minutos da sua vida a comentar este blogue. Aliás, explique-me lá: como é que conseguiu demorar tanto tempo a escrever dois comentários tão curtos ao mesmo texto, tão básicos e mal pontuados? 

Ah, mas parece que o que a espanta é a má qualidade dos livros que li em 2018. Pois, lamento não ter lido Os Miseráveis, o Crime e Castigo e o Quixote pela quinta vez. De vez em quando importa variar. E às vezes ler outras coisas. Li O Pintassilgo e achei uma excelente história. Se um dia for capaz de ler um livro extenso (quando passar a fase das vogais) e der uma oportunidade àquele romance, talvez tenha uma surpresa. Palavra de professora de português especializada em literatura! Mas se só quiser ler clássicos, também está à vontade. Nunca se perde tempo a ler um grande livro que o tempo consagrou. Perde-se tempo a destilar rancor nos blogues alheios, mas a ler boas histórias não. Também se perde tempo a responder a gente malcriada, mas, oh well, tinha aqui um bocadinho livre e resolvi retribuir-lhe a atenção que me dedicou.

Lamento, mas atirar ao ar o possível nome da editora em que trabalho não me fará abrir a boca e dizer «acertou, é mesmo essa» ou «errou, tente lá outra vez». Mas apreciei a tentativa de se mostrar esperta. Às vezes isso faz bem ao nosso ego e, quando a realidade em que nos movemos é suficientemente má para sentirmos a necessidade de ir destilar veneno para os blogues dos outros, qualquer tentativa de elevação do ego é importante. Deixe-me dizer-lhe, caro-leitor-altamente-erudito-que-só-lê-o-cânone-validado-pela-tríade-Eco-Steiner-e-Bloom, eu permito-lhe que venha aqui, a esta humilde casa, escrever comentários venenosos. Por duas razões: a primeira é porque considero que farei algo por si ao permitir que «bote» cá para fora o fel que têm aí dentro a consumi-la; a segunda é porque esse veneno dá jeito para quixotadas destas em que mostro que não tenho só gente muito porreira a ler o que escrevo e a comentar com educação. Não: a caríssima leitora-danada-com-a-vida-e-com-um-ligeiro-problema-com-aquilo-que-sou-e-que-faço é a prova de que, além dos quatro leitores habituais, também tenho os que vêm camuflados visitar a página. Só que alguns dos anónimos são pessoas normais. E depois há a caríssima. 

Bom, para abreviar a coisa: agradeço-lhe o palavrão. Foi uma inovação nesta casa! Acho que nunca o tinha escrito no blogue sem ser em referência a livros que utilizam tal vocábulo. Talvez por ter a tal veia de professora (bem sei que lhe custa a crer que já tenha dado aulas porque sou «baixinha» e «poucochinha», mas é verdade e era bem boa no que fazia), evito esse tipo de linguagem. Porém, não posso esperar o mesmo dos eruditos-brejeiros-revoltados que por aqui passam. Ainda assim, vá lá, desta vez passa, mas da próxima mando-a de castigo voltada para a parede ou lavar a língua com sabão azul e branco. Ai a menina!

Por fim, uma correcção: não é «a Kepler». Quando muito são «os Kepler». Os autores são um casal. Escrevem excelentes livros para entreter. Sabe, aquela coisa que os seres humanos de vez em quando precisam de fazer? Não deve estar a ver... Olhe, vamos ver se me explico assim (eu, que fui tão boa a explicar coisas aos meus alunos): está a ver aquilo que faz quando vem aqui entreter-se a ler coisas que a irritam? Isso é entretenimento. No seu caso é entretenimento masoquista. No meu, quando quero ocupar as horas mortas, leio livros. Às vezes leio autores intocáveis, como Dickens,  Eça de Queirós, Camilo, Twain, Vargas Llosa ou outros, mas por vezes, como criatura mortal e imperfeita que sou, leio coisas como os Kepler. E o folheto do LIDL. E o frasco do champô. Coisas inócuas, que me enervem pouco. Vá, aprenda comigo. Afinal, sou professora (piscadela de olho).

11 comentários:

  1. Opahhh, acho que quem desfilou o veneno não é vai entender metade!! Não entendo esta necessidade de vir destilar veneno na " casa " dos outros... acho sempre que é alguém conhecido!!

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    1. Parece que há quem seja feliz a tentar achincalhar os outros. Pela minha parte, confesso que só consegui rir-me e pensar «Ena, este blogue atingiu um novo patamar!» As pessoas são livres de não gostarem do que publico ou do que leio. Não somos todos iguais. Partir para o insulto é que já não me parece normal.

      Acho que não conheço ninguém assim tão quadrado, mas se for um conhecido... Bom, já teve a devida resposta. :)

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  2. Há pessoas que realmente têm demasiado tempo livre em mãos... neste caso, 13 minutos, para destilar ódio por desconhecidos da internet...

    Sou 100% fã de ler por entretenimento (ainda não roubei o Manolito Gafotas do meu namorado, btw, mas vamos a Espanha em Março e devo forçar que ele o leia até lá) e aliás, acho que deve ser a principal motivação para ler. Para quê ler coisas que nos aborrecem ou dão trabalho? Não dizendo com isto que os clássicos são aborrecidos - alguns serão, até porque, como tudo na vida que implica gostos, é subjectivo -, mas ler só para mostrar o que se lê e "impressionar" terceiros? Trabalhos me dessem! Esse anónimo claramente não sabe o que faz com a vida...

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    1. Claramente mesmo. Aliás, a criatura parece que tem raiva de mim e não apenas do que leio porque só isso explica ir buscar a minha profissão e tentar adivinhar o lugar onde trabalho agora. Parece um problema pessoal e não apenas de alguém que não gostou do que leu.

      Porém, gente parva há sempre e quem tem um blogue aberto tem de aturar tolos assim.

      Lê o Manolito. Eu até tenho vontade de ir a Carabanchel (Alto) para conhecer o bairro do rapazito. Diverti-me muito com esses livros. A relação dele com o irmão é de ir às lágrimas de riso. Qualquer dia releio tudo outra vez. :)

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    2. Verdade - o facto de ir buscar informação pessoal como a do local de trabalho torna a questão mais pessoal, mesmo, e não apenas "o teu blog é ranhoso e tens mau gosto!". A mim sempre me disseram que quem não gosta não come, mas há sempre quem tenha prazer nisto... e novamente, em blogs abertos, há que aturar!

      E deves ter um íman qualquer para loucos, porque o meu único "hater" apareceu precisamente no teu blog - nunca se dignou sequer a ir ao meu deixar a sua laracha!

      Vou forçá-lo a ler, nem que seja numa de "ah e tal, assim se gostares compras lá o seguinte". Estou curiosa há demasiado tempo!

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  3. Vivemos uma época estranha :/.A crítica construtiva parece ter desaparecido do mapa para dar lugar a comentários biliosos.
    O teu blog parece ser um guilty pleasure de alguns anónimos 😝
    Nem sempre me identifico com as tuas leituras, mas é a tua casa, há que respeitar.
    Continua a ler o que te dá prazer e muito sucesso no novo trabalho 😘

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    1. O melhor das leituras é que as há para todos os gostos. Há quem só queira policiais, há quem só queira ler fantasia, há quem varie muito, há quem não varie nada... Mas há livros para todos. O que eu acho que faltou a alguns foi massa cinzenta a rechear a cabeça. Claramente é o caso. Aparentemente, mais até do que o blogue, EU causo comichão a esta criatura que aqui veio comentar. Temos pena.

      Obrigada! Continuarei a ler muito, embora menos do que gostaria, e aquilo que quero. Mas, claro, aceito sempre novas sugestões. O novo trabalho corre bem. Tenho muuuuuuuito para aprender relativamente ao mundo editorial. Fico parva com a trabalheira que dá fazer um livro. Mas já estou a fazer o meu primeiro, do início ao fim. Estou ansiosa para vê-lo impresso. :)

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  4. Olha que isso de leres os livros que queres é um acto de grande desfaçatez ;)

    Beijinhos.

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    1. Realmente. Prevarico e depois não quero comentários como aqueles! Vou já ali espancar-me com uma edição de luxo do Quixote, que sempre é coisa para aleijar um bocado.

      Mas, aqui entre nós, aquilo a que ainda acho mais graça é a vontade que a criatura demonstra de sacar o nome da editora onde trabalho. Agora não sabe se acertou ou não. Deve ser chato. Ahah!

      Beijinhos. :)

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  5. Parabéns! Isto só pode ser mesmo sinal de sucesso. Eheheh

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    1. É não é? Também acho que sim. Mais duas ou três criaturas assim e o estaminé ainda chega a blogue do século!

      Este mundo atrai cada coisa...

      Beijinhos. :)

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