quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Os cuscos de balcão

Primeiro vi na farmácia e depois nos correios e ambos no mesmo dia. Na farmácia a senhora foi-se chegando até que se encostou mesmo ao balcão, segurando a cabeça com a mão, a assistir ao atendimento de outra senhora. É que nem disfarçava: pregou ali os olhos e ficou a ouvir e a ver o que a farmacêutica dizia à cliente, que medicamentos ela ia levar, enfim, tudo o que se dizia.

Nos correios assisti a cena parecida. Desta vez um homem, que conhecia o que estava a ser atendido, foi cumprimentá-lo e lá ficou, especado também, a assistir avidamente a tudo. O que estava a ser atendido ainda olhou para ele, meio constrangido (provavelmente porque estava a ser atendido no balcão que dizia respeito às aplicações financeiras, coisa bastante privada, diria eu), mas nada. O cusco lá ficou.

Noutros tempos já assisti a uma cena destas no próprio banco. Uma coisa inacreditável e de uma incrível falta de educação e de respeito. Bem sei que todos temos o nosso quê de voyeur, mas por amor de Deus controlem-se! Ainda existe o direito de sermos atendidos nos diferentes serviços sem ter um abutre sobre o ombro a saber tudo o que dizemos e ouvimos. O mais idiota (se tudo isto não o fosse já em boa quantidade) é que muitas vezes o cusco ou a cusca nem conhecem a pessoa que estão a cuscar! Portanto cuscam só porque sim. E, por isso, dirigir-me-ei agora a essa gente que claramente tem problemas de cusquice:

Senhores cuscos desta vida, façam um favor à humanidade e vejam reality shows. Podem cuscar essa gente à vontade, mas deixem as outras pessoas fazerem a sua vidinha à vontade sem terem a sensação de que há um par de olhos e um par de ouvidos demasiadamente concentrados na vida alheia e um corpo que não sonha o que seja a distância social minimamente aceitável.

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