domingo, 3 de março de 2013

A culpa é deles

Juro, minha gente: a culpa é deles. Deles, dos livros. Eles é que vêm ter comigo. A sério! Querem ver como? Vão dar-me razão.
 
Hoje queria porque queria um café moka branco do Starbucks. Lá fomos até Belém e finalmente tinha na mão o copo quentinho cheio de uma bebida hipercalórica que, provavelmente, me vai deixar sem dormir até quarta-feira. Sabia que era dia de feira de antiguidades naquela zona e, bem, mais um livro de dois euros e meio, menos um livro de dois euros e meio, também ninguém morria. Lá vamos, então, dar uma voltinha pelo sítio. Somos clientes tão habituais do senhor que por lá pára no primeiro domingo do mês que ele até já nos cumprimenta e oferece uns livritos. Bem, volta à banca, volta número dois à banca, volta número três à banca e eis que de um livro já tinha passado a sete. Espectáculo: eu merecia um prémio. Mas perante os cinco volumes de Jean Christophe, de Romain Rolland, a dois euros e meio cada um, uma pessoa não é de ferro. O senhor da banca ainda me deixou trazer mais um sem pagar mais. Maravilha.
 
Entretanto, precisava de comprar pão (só para verem a inocência da coisa e a dimensão da minha falta de culpa) e como o Continente ficava no caminho para casa, parámos lá para isso. Ora, num dos espaços que precedem o hipermercado em si estava uma pequena feira do livro que os anunciava a um euro. Acho que até praguejei. No entanto, mantive a esperança de que fosse uma daquelas feiras de livros manhosos que ninguém conhece, de editoras malucas que só vendem dessa maneira. O moço encolheu os ombros e lá fomos.
 
Livros manhosos... Uma feira da Leya! Livros de várias editoras, incluindo muitos da Leya a preços baixíssimos. Os livros mais perto da entrada eram mauzitos. Mas em cima de uma bancada... Santo Deus! Livros bem bons, em excelente estado e a preços bem apetecíveis. Excomunguei o mundo, mas principalmente a minha inexistente capacidade de resistência. Concluí, depois, que já não sou só eu que vou ter com os livros: ELES também já vêm descaradamente ter comigo (eu só ia comprar pão, lembram-se?). Isto porque há um livro de crítica literária que namoro há meses. Acabo sempre por decidir não o trazer comigo, ainda que custe menos de cinco euros. No outro dia vinha de oferta na Wook com outro livro que eu também queria. Mesmo aí resisti. Já agarrei nele tantas vezes que até a mim já me enervava este «chove e não molha». Ora hoje, sem esperar, lá estava ele outra vez, a menos de cinco euros e desta vez pensei «Possa, o universo deve querer que eu leia isto. Venha ele, então.». Comprei-o, finalmente.
 
Agarradinho a esse veio a História da Destruição dos Livros, também a preço de amigo. Bom, um de crítica e um livro que conta as maiores atrocidades feitas aos livros ao longo da História. Muito bem: é muita erudição.
 
Errado. Há uns anos li uma coisa chamada Cordeiro: o evangelho segundo Biff e ri-me tanto, mas tanto que decidi ler outras coisas do mesmo autor (Christopher Moore). Já li O Anjo Mais Estúpido, tenho outros dois em lista de espera. E hoje, a três euros e meio, encontrei mais um dele. E pronto: outro para o cestinho. Sim, eu também leio coisas destas, não leio só clássicos.  
 
 
 
 

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