sábado, 21 de maio de 2016

"Não existe má publicidade [...]"


Lembro-me de, há uns anos, ter ouvido o Herman José na televisão a dizer que "Não existe má publicidade: apenas publicidade." A coisa ficou-me na cabeça e lembro-me dela sempre que me parece que alguém quer destacar-se pelos piores motivos. 

Nunca li um livro do jornalista que aparece na capa do Jornal I e não tenciono fazê-lo porque aquilo que leio sobre eles indica-me que são livros que não me encherão as medidas. Sei que há muita gente que compra o que ele põe à venda e que, por isso, alguma coisa faz pelo mercado editorial e pela leitura no nosso país. A mim, nem ele nem Dan Brown me dizem grande coisa. 

Agora a razão pela qual me lembrei da frase sobre publicidade. A frase que surge citada na capa é polémica e deixa as pessoas em polvorosa. E isso é bom para quem quer vender livros. Uma frase como esta pode irritar e chocar muita gente, mas não deixa nenhum leitor indiferente. 

Há milhares de milhões de livros no mundo. Já se escreveu tudo e, paradoxalmente, ainda falta escrever-se tanto. Há, nisto dos livros, pelo menos um chinelo para cada pé. Num mundo que teve um Cervantes, um William Shakespeare, um Victor Hugo, um Mark Twain, um Borges, e milhares de outros escritores absolutamente formidáveis, dizer que não existem os livros que se gostaria de ler e que, assim, é preciso que o próprio os escreva é frase que causa estranheza e que, por isso mesmo, se lê duas vezes. Até que se percebe o objectivo e o efeito perde-se. Frases polémicas pedem atenção. Se não a dermos, serão apenas palavras agrupadas. 

Enquanto leitora, talvez mais modesta do que o jornalista que proferiu a frase, afirmo que no mundo há muitos mais livros que gostaria de ler do que tempo para conseguir lê-los a todos. E o país ou o mundo não precisam do meu contributo literário para nada. Se eu fosse escrever aquilo que gosto de ler, seria um génio! E isso, meus caros, nem que nascesse e morresse mil vezes. Existem livros absolutamente maravilhosos saídos de mãos talentosas; livros que sobreviveram a séculos e séculos, permanecendo fresquinhos como eram no dia em que primeiramente viram a luz do sol. Mas além desses que passaram o teste do tempo, há outros, escritos há pouco tempo ou agora mesmo que são muito, muito bons. Não encontrar nesta panóplia toda nada que interesse demonstra, talvez, um gosto demasiado eclético ou então, por outro lado, a vontade de produzir uma asserção que choque. Quanto aos livros, não sei e mantenho a distância. Quanto ao poder para criar frases polémicas, é um sucesso. 



6 comentários:

  1. Se a afirmação é puramente publicitária, no meu caso afasta-me como possível leitora

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    1. A ti e a muitas outras pessoas (a mim nunca me afasta porque nunca estive, sequer, próxima). Mas a verdade é que esta sua tirada pôs muita gente a falar dele. Se para muitos a frase cavou ainda mais o fosse entre ele e possíveis leitores, para outros pode ter servido como "gatilho" da curiosidade. Infelizmente estas coisas acontecem.

      Depois, o jornalista sabe bem como provocar as pessoas. Ainda que em patamares COMPLETAMENTE OPOSTOS, Saramago também o sabia e fê-lo muitas vezes. Só que este senhor não é o Saramago, não tem a importância que ele teve e parece usar esta frase apenas para provocar (mas deixando sempre em quem a lê a sensação de que há ali uma falta de humildade que cai mal). Se entre tantos livros bons não há livros de que goste, bom, tem de existir aí um problema...

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    2. Na quarta linha, onde está "fosse", leia-se "fosso".

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  2. A frase não diz grande coisa acerca dele, porque se aquilo é o que ele gosta de ler, não gosta de grande coisa... Ahahah. E eu contra mim falo que gosto de livros leves, e até já li todos os dele, mas até dentro do estilo há muito melhor, e mesmo os dele acho-os cada vez piores... Os versão Dan Brown (Tomas Noronha) são sempre mais do mesmo e mm os romances históricos, gostei mais dos primeiros. Tenho a sensação que por vezes explica a mm coisa o livro todo, mas pronto... Li o primeiro desta última trilogia, e o parvo foi tão fino que acabou com o primeiro livro mesmo do nada, não houve nenhum desfecho para nenhuma personagem - vou ter de ler os outros dois!

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    1. Com isso consegue pôr as pessoas a comprar mais dois livros. Sempre achei que só se deve escrever quando se tem alguma coisa para dizer. Mas há quem parece só escrever para vender. Não gosto desse tipo de livro e por isso nem vou experimentar.

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    2. Nem tento fazer-te mudar de ideias... Porque realmente não perdes nada. Ahahah

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