domingo, 7 de maio de 2017

Erro reparado

Quando ainda estava na Licenciatura, os meus professores de Linguística falavam de uma gramática que seria publicada pela Gulbenkian e que viria a ser muito boa. Essa gramática transformou-se numa espécie de ser mítico já que esperámos tanto por ela que acreditávamos mesmo que nunca viesse a ver a luz do dia. 

No ano passado, numa das duzentas idas à Feira do Livro, vi a bendita gramática já publicada (com dois volumes e ainda à espera do terceiro) e em livro do dia. Folheei-a e, de facto, é a melhor gramática em que já pus os olhos. Para quem quer saber tudo o que há para saber sobre a nossa língua, aquelas mais de duas mil páginas (e ainda falta sair o terceiro volume) são exaustivas. O sonho de qualquer apaixonado pelo Português! Alguns dos autores foram meus professores e conheço a qualidade que tinham e a vastidão dos seus conhecimentos linguísticos.

Estavam com um desconto catita, principalmente considerando que cada volume custa 35€. Mesmo assim não as trouxe porque havia outras coisas que queria comprar e a gramática gastar-me-ia boa parte do orçamento. Mas passei todo o ano a insultar-me por não a ter comprado e a acreditar que jamais voltaria a vê-la com tal desconto.

Enganava-me. Ontem fui à Gulbenkian para ver a exposição sobre a vida e obra de Almada Negreiros e, no fim, passei pela livraria. Lá estavam as boas das gramáticas a piscarem-me os seus olhinhos cheios de páginas. Perguntei no balcão que desconto fazem aos professores e dei pulinhos de alegria: quarenta porcento. Tive um desconto de 28€. Exactamente o mesmo que teria na Feira do Livro quando ambos os volumes foram livro do dia. Só precisei de mostrar o cartão do sindicato de professores e o desconto fez-se. Vim para casa e li uns capítulos. Já estou a aplicar nesta quixotada o que aprendi relativamente às regras para a escrita de valores numéricos em textos. Adoro!

Nota: Espelho meu, espelho meu, haverá alguém mais nerd do que eu?!




4 comentários:

  1. O que dizem as regras sobre a escrita de valores numéricos em textos? :)

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    1. Números até dez ou os que referem centenas e dezenas exactas escrevem-se por extenso. São excepção os numerais em início de frase: aí escrevem-se todos por extenso.

      Os numerais da ordem de grandeza das dezenas ou centenas de milhar escrevem-se de modo híbrido, usando palavras e algarismos. Por ex.: 1500 milhões.

      Quando não interessa uma precisão absoluta, usa-se com frequência um valor aproximado. O exemplo que a gramática dá é: 12 552 327, caso não precises de referir este valor com precisão, escreverás cerca de 12,5 milhões ou cerca de 12 milhões e meio.

      «Usam-se algarismos nos quadros e enumerações, ou quando se comparam resultados estatísticos; escrevem-se também desse modo as percentagens, sobretudo quando contêm casas decimais (p.e., 12,5% do volume de negócios), os anos, meses e dias de idade ou de antiguidade (p.e. a Ana tem 23 anos e trabalha nesta empresa há 5 anos e 9 meses), as datas e as horas -excepto em alguns documentos oficiais - (p.e., dia 3 de abril de 2004 às 15 horas), as numeração de documentos legislativos (p.e. Decreto-Lei n.º 177/99), os pesos e as medidas (p.e., mede 47 cm e pesa 2,5 quilos), as somas de dinheiro (p.e., são 50 euros), a numeração das portas (p.e., rua da Lua, n.º 10) e os numerais decimais em geral (p.e., 15,6 valores).

      Os números fracionários escrevem-se geralmente por extenso (p.e., apresentaram-se a exame três quartos dos alunos).»

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    2. Interessante, não fazia ideia que havia regras para isso. Tirando no início da frase que sabia ser sempre por extenso, pensei que no meio se podia escrever das duas maneiras :) Sempre a aprender.

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    3. Pois, eu também não sabia. Aliás, tinha tendência a escrever quase tudo por extenso, à excepção do início de frase e de números muito grandes. Mas agora já conheço as regras. Quanto mais leio, mais fã fico desta gramática. Tem tudo sobre tudo! Estou ansiosa por que saia o terceiro volume.

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