Um vício DAQUELES!

Ah, já me lembro do que ia dizer! Queria partilhar convosco, embora já tenha falado disto uma vez, o vício que é para mim a série espanhola Cuéntame Cómo Pasó, que serviu de inspiração (ou antes de modelo para cópia...) do nosso Conta-me Como Foi. Mas o original do país vizinho, meus caros, é qualquer coisa. É para lá de espectacular! É viciante, é inesperado, é divertido... Vale mesmo a pena! Em poucos meses já debulhei oito temporadas daquilo. Há mais umas sete, creio, e parece-me que devo começar a moderar a velocidade a que engulo os episódios. Mas é difícil, meus caros, é muito difícil porque a trama está bem montada, as personagens estão muitíssimo bem construídas e as referências históricas são muitas e bastante interessantes. Por exemplo, nesta oitava temporada (se não me engano), ocorre o nosso 25 de Abril e uma das personagens, que interpreta o papel de um jovem jornalista, vem até Portugal para assistir à revolução. Ora, nesse episódio entra, nada mais nada menos, que a Maria de Medeiros e está tudo tão bem feito e tão bem encaixado que ficamos com uma pontinha de orgulho por, numa série espanhola, aparecer a nossa Revolução dos Cravos. As personagens olham para o que acontece em Portugal com admiração e alguma inveja, pois enquanto com o 25 de Abril vem a democracia, eles continuarão com o franquismo caquético e sem fim à vista. Além disso, de tempos a tempos surge um episódio que explica como a série foi feita ou que tenta clarificar um acontecimento histórico (ao jeito de documentário) ou um costume da época.

E o que dizer sobre a vida daquela família a quem tudo acontece? Vemos as suas mudanças, as suas vivências, o resultado de tudo o que lhes vai acontecendo e passamos a querer que lhes corra tudo bem, como se fossem da família, como se nos fossem alguma coisa. Vêmo-los errar, errar e errar e chega a provocar uma certa raiva, mas depois só queremos saber como vai acabar tudo, como chegarão até ao final do mês. A sério, minha gente: é série que vale cada segundo passado a vê-la. No fim só fica o lamento de que a versão portuguesa tenha acabado tão abruptamente e que não tenha conseguido continuar. Foi boa enquanto durou (embora muito, muito, muito tirada a papel químico da versão espanhola), mas devia ter durado mais. Havia muito século vinte para retratar e o país não acabou com a revolução, pelo contrário. Apesar de a versão portuguesa ter deixado um gostinho agridoce, meus caros, aconselho-vos a espreitarem a página da RTVE e a assistirem a esta série que é, de facto, fenomenal e extremamente envolvente.

Nota: Com a série Isabel, também da RTVE, e com estas oito temporadas de Cuéntame já aprendi mais espanhol do que em dois anos de faculdade!