sexta-feira, 18 de setembro de 2015

A angústia da apresentação

Por estes dias muitas crianças começaram as aulas e as de muitas outras estão ainda por começar. Hoje dei por mim a recordar o momento do regresso às aulas (que eu agora vejo do outro lado da barricada) e a pensar naquela angústia maldita que eram as apresentações. Agora vocês perguntam-se: o que raio tinham as apresentações? Eu explico.

Para mim, que era uma aluna que gostava da escola (desde que não desse trabalho) e que, consequentemente, gostava de ter e de usar cadernos, livros e canetas novos, o regresso às aulas, o fim de umas férias de verão imensas era muito esperado. Por isso, aguardava com ansiedade o dia marcado para voltar à escola. Bom, no dia das apresentações, lá levava um caderno. Mas o caderno era novo e as canetas também, por isso apetecia-me escrever - e muito - na primeira página, a melhor página de todas! O que sucedia é que na apresentação nunca havia nada para escrever e era um dia completamente perdido. Depois de semanas à espera daquele dia, eis que teria de adiar para depois o momento das canetas e dos lápis e de tudo o que era porreiro. Uma nerdice sem fim, eu sei, mas que querem?! Ainda hoje me pelo por canetas e papel novo.

Contudo, a angústia não terminava aqui. Por vezes, a apresentação calhava a uma sexta-feira e, já se vê, só depois do fim-de-semana a coisa começaria a sério. Pumbas: mais dois dias a olhar para o ar (estamos a falar da época em que as férias de verão duravam três belos meses) antes de começar as aulas a sério. 

Se pensam que já acabei, segurem-se que vem mais! Para as taradas do material escolar, dos livros novos e da vontade de aprender coisas novas (contanto que não dessem muito trabalho, como já disse), havia ainda um outro balde de água fria a suportar: os testes de diagnóstico. Sim, meus caros, uma aluna ia cheia de vontade de conhecer as matérias que estudaria durante o ano e, depois de uma aula de apresentação que não servia para quase nada (do ponto de vista da estreia do material, pelo menos), ainda tinha de suportar uma malfadada aula em que lhe cabia fazer um teste com perguntas sobre a matéria do ano anterior! Ora! Depois ainda falavam de motivação! Pois se quando íamos cheios de vontade levávamos com tudo o que não tinha piada nenhuma; se quando tínhamos os níveis de curiosidade nos píncaros e a vontade de aprender coisas novas a transbordar pelas orelhas, pespegavam-nos com testes sobre aquilo de que já andávamos fartos... Que baldes de água gelada!

Mais alguém passou por isso ou a única nerd que ansiava pelo primeiro dia e que acabava a sentir que este ficava sempre aquém (do ponto de vista da estreia dos materiais, porque no que às amizades e aos recreios dizia respeito, era sempre upa upa!) era mesmo eu?

5 comentários:

  1. Eu odiava apresentações, achava aquilo uma perda de tempo brutal. E toda a gente sabe que o melhor do novo ano eram os novos cadernos e material escolar! Eu ainda hoje adoro os corredores com o material do regresso às aulas, apetece-me comprar tudo :)

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    1. Eu só não adoro esses corredores porque são sempre uma espécie de tic tac tic tac para o meu regresso ao trabalho. E o pior é que quando as campanhas de regresso às aulas começam, as minhas férias iniciaram-se já meia dúzia de dias. É frustrante!

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  2. Realmente sempre tive esse nervosinho da apresentação quando era miúdo. Mas quando era miúdo era muito menos falador que agora, tinha só metro e meio e mal me viam.

    Detestava era de ter de me apresentar em voz alta (que era prática comum na época, agora não sei) e de escrever na fixa umas dez vezes a mesma coisa.

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    1. As fichas com os nossos dados eram um verdadeiro flagelo, Deus me livre!!!

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    2. Olha que essas fichas eram uma verdadeira praga para algumas pessoas.

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