domingo, 9 de junho de 2013

Viajar pelo papel

«Que viaje à roda do seu quarto quem está à beira dos Alpes, de Inverno, em Turim, que é quase tão frio como Sampetersburgo - entende-se. Mas com este clima, com este ar que Deus nos deu, onde a laranjeira cresce na horta, e o mato é de murta, o próprio Xavier de Maistre, que aqui escrevesse, ao menos ia até ao quintal.»
 
Almeida Garrett, Viagens na Minha Terra, Porto Editora, p. 3.
 
Creio que para quem gosta de livros, existem modas que vão e vêm de tempos a tempos. Já tive a pancada pelos clássicos (gosto esse que vou manter sempre), pelas peças de teatro, pelas biografias, pelos romances históricos, pelos livros de história, pela literatura infanto-juvenil, pela literatura hispânica, pela biografia, pelo diário, pela filosofia... Enfim, já corri tudo. Nunca pensei vir a render-me à literatura de viagens, mas pelos vistos foi uma das pancadas do ano. E assim, desta feira do livro vieram três obras que vão dar às viagens e, das mãos do meu querido moço, veio uma outra. Queria mais, mas já não há espaço.
 
 
 
 
 
E como sou uma eterna insatisfeita, gostava também de ter este que, por alguma razão, não encontrei na Feira do Livro de Lisboa:
 

 
As capas dos livros do Paul Theroux são de babar. Tiro o meu chapéu à Quetzal que faz estes e outros livros com um cuidado admirável. Quando recebi o O Grande Bazar Ferroviário, fiquei a saber que a obra-prima deste autor era o O Velho Expresso da Patagónia que é, digamos, um livro caro (quase trinta euros). Na Feira do Livro estava a vinte (o que continua a não ser barato), mas trouxe-o. Depois soube que esse livro nasceu da influência de um outro, de Bruce Chatwin, que integra as listas do Plano Nacional de Leitura, intitulado Na Patagónia. Resultado: acabei por trazer os dois.
 
Sei lá quanto tempo durará esta doideira pelos livros de viagens. Mas verdade seja dita: toda a leitura é uma viagem, mesmo aquela que retrata o que temos ao pé da porta. Se pela leitura pudermos ir ao outro lado do planeta, vendo tudo através de uns olhos bem treinados para devorar o mundo, tanto melhor. Viajarei, então, à roda do meu quarto, de nariz nos livros e imaginação bem longe.



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