E já que estou em onda de recordar o que me enerva, lá vai mais uma: os maníacos por reticências. Tira-me do sério ver textos por esta blogosfera fora (e não só) quase exclusivamente pontuados com reticências como se todas as frases tivessem de terminar em suspense. São frases completas, mesmo a pedirem um pontinho final e pimba: reticências. E na frase seguinte outra vez. E na outra o mesmo. Sempre assim até se chegar ao final do texto já com uma pilha de nervos devido ao pára-arranca do mesmo.
Bem sei que há quem ache, erradamente, que as reticências conferem o seu quê de profundidade ao que é dito. Usá-las quando fazem falta não tem mal nenhum, sendo o seu uso, obviamente, previsto pela gramática. Contudo, concluir quase todas as frases de um texto dessa forma é, digamos, parvo. Não tem nada de profundo, não deixa ninguém a pensar, não nos faz tentar ler nas entrelinhas. A única coisa que provoca é vontade de corrigir com uma pomposa e vistosa caneta vermelha. Ora vejam lá se não irrita:
Hoje acordei cedo... Levantei-me e tomei um banho refrescante... Depois fui trabalhar e conversei com uma colega que é muito experiente... De seguida almocei feijoada à transmontana mas caiu-me mal... Dei uns puns... Foi extenuante! Mas já estou bem... Graças a Deus... Obrigada a todos pelos comentários carinhosos que vão deixar relativamente ao meu problema intestinal... Sois os melhores... Agora vou ali depilar as pernas... Estou a parecer uma ovelha lanzuda... Ai vida!...
É mais ou menos isto. Atenção: aviso já que escrevi o texto a itálico de forma totalmente ficcionada. Não só não comi feijoada (e portanto não passei pela desagradável questão da flatulência), como também não me pareço com uma ovelha por tosquiar. E já que perguntam tão ansiosamente (faz de conta), comi empadão e estava bom. Reticências.
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