Ontem comprei este livro, como vos mostrei. É a biografia do escritor colombiano Gabriel García Márquez, autor de pérolas como Cem Anos de Solidão e O Amor nos Tempos de Cólera. Normalmente não leio biografias. Acho que a primeira que li de fio a pavio foi mesmo a da Maria Filomena Mónica (olha o pessoal a ter ataques cardíacos já), mas a deste senhor, por alguma razão, chama-me a atenção. Ele próprio contou a sua história no livro Viver para Contá-la (havemos de chegar a esse), mas ontem vi este volume na FNAC com uma promoção apetecível. Estava com algumas dúvidas quanto a comprá-lo, porém o excerto da contracapa decidiu-me. Deixo-vo-lo.
«No início de Agosto de 1966, García Márquez e Mercedes foram aos correios enviar o manuscrito terminado de Cem Anos de Solidão para Buenos Aires. Pareciam dois sobreviventes de uma catástrofe. O embrulho continha 490 páginas dactilografadas. O funcionário que estava no balcão disse: "Oitenta e dois pesos." García Márquez observou Mercedes a procurar o dinheiro na carteira. Tinham apenas cinquenta pesos, e só puderam enviar cerca de metade do livro: García Márquez pediu ao homem que estava do outro lado do balcão para tirar folhas como se fossem fatias de toucinho, até os cinquenta pesos serem suficientes. Voltaram para casaa, empenharam o aquecedor, o secador de cabelo e o liquidificador, regressaram aos correios e enviaram a segunda parte. Ao saírem dos correios, Mercedes parou e voltou-se para o marido: "Hei, Gabo, agora só nos faltava que o livro não prestasse."»
Acho deliciosa esta história e parece-me de génio colocá-la como apresentação do livro. Um autor que chegou aos píncaros a que chegou García Márquez teve de contar os tostões para poder enviar a sua obra-prima. Parece que há muitos génios literários que passaram por estas situações. Imediatamente lembrei-me do nosso serralheiro mecânico mais conhecido, José Saramago, que veio de um meio tão pobre e que atingiu pontos tão altos. Foram dois prémios Nobel. Dá que pensar.
Já há algum tempo que ando de olho nessa biografia, mas tem sido um projecto adiado. Recomendo, caso ainda não tenha tido oportunidade de ler, o "Viver para Contá-la", que é uma obra fantástica e na qual Gabo dá a conhecer um período da sua vida- e o leitor comum aguarda os (2?)volumes que se deveriam seguir, e não há meio. Eu diria que esta sua autobiografia é o seu melhor romance.
ResponderEliminarC. , tenho o VIVER PARA CONTÁ-LA em lista de espera e é realmente pena que os restantes volumes não apareçam... Entretanto vou devorar este que, pelo que surge na contracapa e que aqui reproduzi, parece delicioso. Parece-me que muitas vezes a vida dos autores chega a gerar obras maravilhosas, já que muitas vezes os grandes escritores surgem de lugares e situações improváveis.
EliminarObrigada pelo seu comentário. :)