terça-feira, 10 de abril de 2012

MAC

Eu nasci na Maternidade Alfredo da Costa e sempre ouvi falar bem de quem lá trabalhava. Pelo que a minha mãe me conta, se não fosse a atenção de uma médica de lá, talvez hoje não estivesse aqui a escrever isto. Sempre fui ouvindo o que diziam pessoas que por lá passavam e foram muito poucos os testemunhos negativos sobre aquele espaço. Pelo que percebia, a equipa era fantástica e as instalações iam recebendo melhorias que a iam tornando cada vez mais capaz. Ali nasceu, provavelmente, metade da cidade de Lisboa: por estes lados, quem não nasceu na MAC (S. Sebastião da Pedreira), nasceu em São Jorge de Arroios (Hospital D. Estefânia).

Mas agora parece que a MAC, que concentra em si uma série de valências e que está bem no centro da cidade, já não serve. Agora importa empurrar partos e utentes para o S. Francisco Xavier e para o Santa Maria. Agora a MAC tem de ir pelo mesmo caminho já trilhado por escolas, centros de saúde, hospitais e outras maternidades por esse país fora (coisa que fez já muitos nascerem em ambulâncias nas auto-estradas). Nunca pensei que isto viesse a suceder com uma maternidade com a dimensão, o reconhecimento e a história da MAC, mas pelos vistos eu é que sou ingénua. Nada escapa a esta gente, nada é imune a decisões que ninguém percebe. Fechar uma maternidade como esta para espalhar utentes por hospitais não tão centrais (o S. Francisco Xavier não é, de todo, tão acessível quanto a MAC) parece-me uma daquelas decisões tão ponderadas quanto as que eu tomava aos dez anos e que envolviam os desenhos animados que queria ver na televisão.

Escrevo isto enquanto assisto às imagens do cordão humano que está a ser feito junto à MAC e escrevo-o com pena por não estar lá com aqueles  médicos, enfermeiros, pais e filhos. Hoje também eu gostava de abraçar o sítio onde nasci.

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