sábado, 26 de novembro de 2011

Dor


Hoje o Expresso traz esta notícia. Apenas li o que está na capa e que aqui reproduzo porque não comprei ainda o jornal, mas estas oito curtas linhas são suficientes para me deixar bastante triste. Já sabia que isto acontecia, já não é novidade para mim que alunos do ensino superior tenham de escolher entre pagar fotocópias e comer, mas não deixa de me entristecer o facto de isso acontecer num país europeu e no século XXI.

Todos sabemos que ir para a universidade vai sendo cada vez mais um luxo. As propinas são ridiculamente caras, os materiais também, os transportes só aumentam e a alimentação, despesa de que não se consegue fugir, consome boa parte do orçamento dos estudantes. Aliás, devia consumir, mas parece que não. Compreendo que os alunos deslocados passem por dificuldades acrescidas, mas acho inaceitável que jovens nas universidades tenham de escolher entre comer e fazer fotocópias ou imprimir os trabalhos. Percebo que atravessamos uma crise (aliás, quando é que não atravessámos uma crise?), que não há dinheiro, que as coisas não estão fáceis em nenhuma área, mas custa-me a compreender o que se passa com a educação. Estes jovens, que estão a fazer um investimento no seu futuro (a quem depois o país fará um manguito e mandará para o estrangeiro), merecem ser bem tratados. Ninguém merece ter de escolher entre o jantar e um livro.

Parte-me ainda mais o coração ver que, juntamente com estes estudantes que passam por tal situação, frequentam o ensino superior aberrações que vão para a faculdade para estarem no bar desde que abre até que fecha, que levam (eu já vi isto) as suas PSP e ficam na esplanada a jogar, que só querem saber de praxes e de borgas, que não passam cartão nenhum às aulas e para quem ter um dez de nota final é o mesmo que ganhar o euromilhões. E mais: muitas vezes estes desperdícios de oxigénio recebem bolsas de estudo para o fazerem. No meu tempo havia uma aluna que recebia mais de trezentos euros de bolsa e que depois fumava que nem um cavalo e passava doze horas no bar da faculdade (juro!) a jogar às cartas.

Há dinheiro mal distribuído e há pouca fiscalização no emprego do dinheiro. As faculdades estão com as finanças cada vez mais apertadas e de pouco podem valer aos seus alunos. O Governo também já acha que faz o suficiente e que mais não pode. E no meio deste «eu não posso fazer nada e tu também não» há gente de carne e osso a fazer sacrifícios que, muito sinceramente, não sei para que servirão, num país onde quem tem cérebro tem de ir para fora. Dói ver isto a acontecer.

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