terça-feira, 15 de novembro de 2011

Ai o «Auto da Barca do Inferno»...


Depois da história comovente de ontem, resolvi deixar-vos um pequeno episódio que vivi hoje numa aula do 9.º ano. Antes disso devo dizer que embora este seja o mais estúpido dos últimos dias, é rara a aula de que não saio com um destes no saco. Enfim, adiante.

Acabados de ler e analisar o primeiro quadro do Auto da Barca do Inferno (o do Fidalgo), passámos para a leitura da cena do Onzeneiro. Ora, antes do início da leitura da obra, distribuí umas tabelas para os alunos irem preenchendo conforme fôssemos lendo o texto. Um dos quadradinhos que devem preencher a cada cena que lêem diz respeito ao percurso cénico efectuado pelas personagens. Como a maioria dos caros leitores deve estar recordada, boa parte das personagens do Auto vai primeiro à barca do Diabo, depois à do Anjo (que corre com eles) e terminam regressando à barca do Diabo, onde acabam por embarcar. Assim, o percurso cénico a preencher será «Diabo - Anjo - Diabo».

Ao preenchermos o quadrado que dizia respeito ao percurso cénico do Onzeneiro (igual ao do Fidalgo), há um aluno lá atrás que levanta o dedo e diz:

- Então, stôra, mas este é igual ao do Fidalgo?

- Sim.

- Este depois da barca do Diabo não vai a mais lado nenhum?

Respondo:

- Não: quando vai à barca do Diabo pela segunda vez, embarca.

- É que na última aula eu pus «Diabo - Anjo - Diabo - Lisboa» no percurso cénico do Fidalgo.

Portanto, minha gente, naquela cabeça o tipo, depois de morto, para além de ter de ser julgado e enfiado numa das barcas, ainda volta a ter direito a dar uma voltinha pelo Chiado, qual Britney Spears na véspera do concerto. 

1 comentário:

  1. Se não tivesses contextatualizado o diálogo eu diria que era uma anedota. Meu Deus, em que estaria o moço a pensar, quando acrescentou "Lisboa".?!?!?!?!?!?

    P.A.

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