Além da desgraça que se passa no terreno com os incêndios, ainda temos de ouvir as enormidades que têm sido ditas pelo Secretário de Estado da Administração Interna (que acha que as populações têm de ser proactivas, pegar na mangueira e irem apagar os fogos porque não podem estar à espera dos bombeiros e dos meios aéreos), da Ministra da Administração Interna, que no meio deste gigante e gravíssimo problema, resolve dizer que se se demitisse ia ter as férias que não teve, ou pelo Primeiro Ministro que, basicamente, diz que temos de nos ir habituando a isto. Mas está tudo doido?
Será que estes líderes lêem as mesmas notícias que eu? Será que a eles não lhes custa ler que finalmente apareceu o corpo de um bebé de um mês, cujos pais já tinham falecido num incêndio? Um mês! Este bebé nem tinha ainda nascido quando sessenta e cinco pessoas morreram em Pedrógão Grande e, mesmo assim, já perdeu a vida em mais um fogo. Já se percebeu que não podemos contar com o Governo para solucionar este problema. Bastou vez que quando os fogos de Verão serenaram um pouco, rapidamente o tema dos fogos florestais deixou de ser discutido. Até que chegou o relatório relativo ao sucedido em Pedrógão e lá se voltou a falar no tema, mais para arranjar um ou outro bode expiatório do que para solucionar o problema. Contudo, além de não resolverem, mandam as populações mexerem-se e irem ajudar a apagar os fogos; dizem-nos para nos irmos habituando a estas catástrofes; atribuem a culpa às alterações climáticas, como se fôssemos só nós a sofrer com elas (que eu saiba, há muitos países com floresta e altas temperaturas e não ardem assim); que falam nas suas feriazinhas num momento como este. Se não está tudo louco, não sei o que se passa. Sei apenas que assistimos boquiabertos ao repetir de qualquer coisa que não devia ter acontecido nem uma primeira vez quanto mais duas. O que se fez por evitar a tragédia? Por que foram retirados meios finda a «Fase Charlie» sabendo que o país ia continuar com altas temperaturas e em seca extrema?
Não há respostas porque quem manda sacode a água do capote. Costuma até dizer-se popularmente que «Quem manda está calado». Melhor fora porque por cá quem manda só diz asneiras e, mesmo assim, continua pomposa e alegremente a mandar.
Não imagino a revolta e a dor das populações afectadas e, sobretudo, dos que perderam familiares e amigos nesta vergonha com que ninguém consegue acabar. Os meus pensamentos estão com essas pessoas. A minha raiva está com os outros, os que deviam agir e não falar por falar.
Eu nem tenho palavras para exprimir o que sinto.
ResponderEliminarhttp://delitodeopiniao.blogs.sapo.pt/irresponsabilidade-politica-e-9638924
http://delitodeopiniao.blogs.sapo.pt/insensibilidade-e-mau-gosto-9638000