quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Um cheirinho / fedor do nosso Mundo

Eis o que li agora no Notícias ao Minuto (reparem no excerto que destaquei):


É bonito, não é? A discussão nas redes sociais em torno da roupa de uma miúda que já fez mais pelo Mundo do que aqueles comentadores furiosos todos juntos é mesmo digna de reflexão. Atenção, Universo: a Malala vai às aulas em Oxford vestida como quer! O choque! O horror! Vamos já todos comentar a fotografia, dizendo que ela é hipócrita e que nos andou a enganar este tempo todo. Palavra que quanto mais penso nisto, mais me apetece distribuir chapadas. 

A fotografia que levantou a celeuma foi esta:


Para muitos foi, pelos vistos, ofensivo não ver a moça com as tradicionais vestes indianas enquanto anda pela Universidade. Foi o suficiente para receber o epíteto de hipócrita e para passar a ter merecido uma arma apontada à cabeça. Isso mesmo: devido à roupa que veste (e que está muito bem, diria eu), passou a merecer uma pistolita encostadinha à têmpora. 

Para muitos, a Malala deve ter passado a ser uma propaganda ambulante às vestes tradicionais que costumava usar. Só isso poderia explicar a estupidez da decepção. É que não perceber que, apesar do que tem feito pelo direito à educação, não deixa de ser uma jovem a fazer aquilo com que sempre sonhou é de asno. O que me importa que use agora calças de ganga e saltos altos? Se a fazem feliz, que use e abuse de umas e de outros. Desde que continue a fazer-se ouvir e a mostrar a mais e mais meninas que há outros caminhos na vida, que estudar e contrariar tradições bizantinas é possível, quer se vá às aulas com as vestes indianas, com um pijama, com umas calças de ganga ou com uma saca de serapilheira presa com uma corda. 

As redes sociais têm muitas coisas boas, mas acho que as têm sobretudo más. Dão voz aos idiotas que, de outra forma, teriam de falar para o tecto até ele lhes cair em cima. E depois, claro, vai-se espreitando como param as modas nas redes sociais para pespegar a última polémica no noticiário ou no jornal. E assim os asnos vão tendo mais voz. No fundo, nem eu devia trazer para aqui isto, que asnos neste blogue só mesmo o burrico do Sancho Pança. Mas não consegui deixar de vos brindar logo pela manhã com mais uma evidência da estupidez, pequenez e falta de horizontes de umas quantas bestas que se julgam seres humanos, mas que não o são mais do que qualquer jumento deste mundo. 

Espero não vos ter inquietado muito e tirado o sono para esta noite ao vir mostrar-vos a Malala de calças de ganga e botas. É que é muuuuuuuito chocante! Eu até estou a tremer por ela não ser como a Madre Teresa de Calcutá, que era coerente e usava sempre a mesma farda. Será que o facto de ser uma jovem que até está a viver a alegria de chegar agora a Oxford tem alguma relação com isso?!... Dúvidas, dúvidas... 

Agora que penso nisso, nem imagino o que será se e quando arranjar um namorado. 


4 comentários:

  1. Fico chocada com tamanha parvoíce. Pobre Malala.

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    1. O que vale é que já mostrou ser muitíssimo superior às vozes de burro deste mundo.

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  2. E como fede.

    Se continuasse a usar as vestes tradicionais estava errada. Como não as está a usar errada está.

    São provavelmente as mesmas pessoas que gritam a quem os queira ouvir sobre liberdade e direitos.
    Estes guerreiros do teclado não imaginam o mal que podem estar a fazer. Lamentavelmente, existem muitos extremistas à solta. Agora sabem onde ela estuda e o tipo de roupa que usa.

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    1. Nas redes sociais, as pessoas parvas falam para não estarem caladas e geralmente sai asneira. É como dizes: faça o que faça vão sempre apontar-lhe o dedo. Ninguém pára por dois segundos para pensar nas coisas: critica-se e pronto, parte-se para o tema seguinte. Oxalá um dia a deixem viver e trabalhar em sossego. Já lhe fizeram mal suficiente.

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