A Sábado consegue com duas palavras na capa responder à ex-Ministra da Administração Interna e ao seu disparate monumental. Tantas das asneiras ditas por esta gente (não só por ela, mas por outros) ficarão sem resposta. Mas pelo menos ao problema das férias "que não" teve, a resposta serve-se em letras grandes e vermelhas na capa de uma revista. De vez em quando o sarcasmo cai bem.
Começando por dizer que acho que a frase lhe saiu mais do que a despropósito e que soou muito mal. Não consigo crucificar a ministra. Acho que percebi a intenção, que não era claramente queixar-se de não ter tido férias (apesar de parecer), e também me parece que a sua saída não resolve nada, pelo contrário, mas diz que quem não se sente, não é filho de boa gente...
ResponderEliminarA seguir a Pedrógão, quando já se pedia a sua saída, também não achei que devesse demitir-se. Mas quatro meses depois assistir ao mesmo sem que NADA tenha sido feito e com uma redução muito considerável de meios no início de Outubro, acho que já estava a mais. Além disso, o que disse foi mau de mais diante de um país a arder, onde tantos perderam casas e fontes de sustento. Não sei se a saída vai resolver alguma coisa ou não, mas a confiança estava perdida. Era a única saída.
Eliminar"Par Toutatis!"
ResponderEliminarNão digo que ela não devesse demitir-se. Acho que sim, não tinha condições para continuar principalmente por falta de confiança, que é fundamental. Mas também concordo com a ideia (expressa de forma muito errada) que bater com a porta no meio da confusão é o mais fácil, e um bocado cobarde. Mas esta capa não é uma opinião acerca da demissão da ministra, atribui-lhe diretamente mais de 100 mortes e sendo compreensível ouvir isso de quem perdeu familiares ou uma vida de trabalho, acho um bocado nojento por parte de uma publicação como a sábado.
ResponderEliminarNão sei se lhe atribui mais de cem mortes. Mas pega numa frase muito mal conseguida e que feriu as pessoas. A publicação não é boa, de facto, mas a ironia da capa até me pareceu acertada. Nunca achei que devesse sair a seguir ao que aconteceu em Pedrógão, precisamente porque havia muito a fazer e trocar de ministra apenas faria mais confusão. Contudo, em certos momentos e, sobretudo em determinados cargos, as palavras têm de ser muitíssimo bem medidas. A frase das férias não merece hoje outra resposta que não «boas férias», já que entre Pedrógão e o dia de Domingo nada foi feito, a não ser dizer disparates. Coisa em que, diga-se, ela nem foi a única.
EliminarNão tenho falado muito sobre esta desgraça.
ResponderEliminarPor pudor e por não conseguir verbalizar o que sinto.
Daí o meu comentário anterior.
Artigo 1.º
República Portuguesa
Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária. Convém não esquecer.
Quem nos falhou foi o Estado.
Parece-me claro que a ex ministra não pode ser vista como o bode expiatório, não curou este Governo nem salvou o país de todos os males.
A sua saída representa o afastamento de quem desde Junho mostrou não estar à altura do cargo que ocupava.
Era visível que estava em farrapos do ponto de vista emocional, como se podia esperar que naquele estado conseguisse ter lucidez para tutelar o que quer que fosse?
Não teve sequer a presença de espírito para bater o pé a Costa e sair.
Por seu turno, Costa levou a sua frieza e falta de humanidade a níveis incríveis, exigindo da ministra (uma amiga por quem tem grande consideração e estima. Imagina se não fosse o caso) um esforço que a ninguém aproveitou, nem a ela, nem ao governo, muito menos ao país, sacrificando os interesses do país deixando alguém incapaz de agir num momento em que, mais do que nunca, era preciso fazê-lo.
Como se insiste com uma pessoa nestas condições para ficar no cargo com a época de incêndios toda pela frente é algo que me transcende.
A rose is a rose is a rose.
Os sucessivos Governos têm do seu lado o dinheiro dos nossos impostos e com eles podiam ter investido na floresta e protecção civil.
O problema dos incêndios não se resolve de um dia para o outro mas agrava-se. Imenso.
Houve tanta falta de discernimento. Tanta verborreia de variados lados.
Mais um pouco e queriam levar-nos a crer que estamos a viver uma alucinação colectiva.
Face às declarações do Secretário de Estado, presumo que deixemos de pagar a taxa de municipal de protecção civil. Não? Bem parecia.
E em casa de ferreiro espeto de pau, ora bem. Os proprietários de florestas deveriam ser responsabilizados pela falta de limpeza. O Pinhal de Leiria é do Estado. Ardeu praticamente todo por falta de limpeza.
(Continuação)
ResponderEliminarCosta tem tantos amigos no Governo, aparentemente nenhum lhe disse que:
*afirmar aos portugueses perante esta tragédia de que "estas coisas se irão certamente repetir" é de loucos e de um iceberg a fazer-se passar por humano;
*um dia terá que assumir a sua responsabilidade na negociação e contratação do SIRESP, que é hoje objecto de chacota nacional, apesar de custar milhões aos contribuintes;
*no dia a seguir a uma tragédia com tantos mortos, falar da futura revisão do Plano Nacional de Defesa da Floresta contra Incêndios, sem assumir que foi o responsável político pela sua criação enquanto ministro em 2005, com os resultados que os portugueses comprovam pela televisão, não vai dar para esconder;
*é o seu governo que governa, é o seu governo que dirige as estruturas de prevenção, é o seu governo que dirige as entidades de coordenação e combate a fogos, que é o seu governo que dirige as polícias e forças militarizadas, que é o seu governo que dirige todos os organismos responsabilizados por deficiência de planeamento estrutrais que falharam.
O que se passou, o que ainda se está a passar faz com que este Governo me lembre a família Ventura de "A casa de Campo", de Donoso. Vivem numa bolha própria e cultivam essa mesma bolha.
Será que aprendemos ou será que as próximas cheias nos farão esquecer o que se passou?! Permaneceremos mansos, como é hábito? Espero bem que não.
(E a foto do senhor na capa do Público não me sai do pensamento)
Estou revoltada e não entendo como há gente a defender os governantes e a culpar as temperaturas e a alteração climática. Gente que defende a plantação de árvores em qualquer lado, porque como se sabe os especialistas não servem para nada.
Gente que ignora as vidas perdidas, os bens perdidos, o trabalho de décadas, o sofrimento de quem cá ficou sem nada e sem ninguém, os animais mortos. Nada disto é recuperável e a tristeza permanecerá para sempre. Tudo para defender uma cor política, à semelhança do que alguns adeptos de futebol ferrenhos fazem quando se trata de um fora de jogo ou de um penálti.
Desculpa o testamento. Se preferires, não publiques. Excedi o número de caracteres, que vergonha...
Acho que não há limite de caracteres. 🙂
EliminarO Governo falhou-nos, claro. A Ministra estava na linha da frente até porque não interessa a ninguém que o Governo caia agora. Assim, vão caindo as peças “acessórias”. Perdeu-se a confiança nela, e por teimosia o PM foi mantendo alguém que estava um farrapo no cargo.
Desde sempre, a floresta foi o parente pobre. Todos os anos arde e não muda nada. Entram e saem governos e não há mudanças que nos protejam deste inferno. Costuma dizer-se que primeiro recebes um sussurro, depois um aviso, depois um grito... a seguir cai-te tudo em cima. Este ano aconteceu-nos isso. Desde pequenina vejo na televisão os milhares de reportagens sobre incêndios. Entrou na normalidade haver uma idiotice chamada “época de incêndios”. É a banalização do que nunca devia ser banal. Tivemos muito tempo para mudar as coisas, mas nada foi feito. E como geralmente os incêndios são coisa do Verão, os sucessivos governos tentavam sobreviver a eles e esquecê-los de seguida, até porque há uma economia sempre desequilibrada e os tostões não se podiam perder com árvores (creio que o pensamento fosse este).
Todos erraram. O PM foi, como dizes, um icebergue. Frio até mais não e incapaz de assumir os erros. Foi teimoso e arrogante. Provavelmente pensou que Pedrógão cairia no esquecimento, mas para o caso de cair, cá esteve o último domingo a sacudir-lhe a memória. Será que agora se tomarão as medidas necessárias? Seja como for, mais de cem pessoas não voltarão há vida e a floresta não se levantará do chão por milagre. Isso não se apaga e é culpa de tantos que podiam ter, ao longo dos anos, feito alguma coisa e preferiram deixar seguir, assobiar para o lado. É tudo demasiado mal. Uns que não medem o que dizem, outros que agora apontam o dedo quando também nada fizeram quando podiam... É o caos. Parece uma coisa de outro mundo de surreal que é. Mas é o que temos porque também não temos lá muita sorte e vivemos numa realidade que só vê dinheiro e que descura a terra. E, percebemos agora, que também não cuida das pessoas. Cada vez que ouço que as indemnizações às vítimas de Pedrógão estavam encalhadas... Mas é preciso o quê? Provar que houve um incêndio?!
Enfim, toda a situação é terrível. Desde a frieza de uns até à incapacidade de outros, passando por todos os que podendo ter feito alguma coisa da floresta ao longo dos tempos não fizeram e agora também atiram pedras e aproveitam-se politicamente de uma tragédia. É terrível. É vergonhoso. É sobretudo doloroso.
Exacto. Quem podia ter feito ao longo dos anos, não fez.
EliminarPessoalmente, fiz o que pude à distância, nomeadamente através da Caritas e da Ordem dos Médicos Veterinários. Fui manifestar-me na terça-feira e hoje lá estarei.
(Pensei que houvesse limite porque o meu comentário só entrou depois de o dividir)
Se calhar até há e eu nunca me tinha apercebido... Conheço muito mal os cantos desta minha própria casa!
EliminarÉ sempre assim: anos de “empurrar com a barriga” e agora tem de se arranjar soluções com efeitos rápidos. Pena que para isso mais de cem pessoas tenham tido de perder a vida.
Eu gostava de saber qual o seu partido.
EliminarEstava nas regiões queimadas? Foi lá, ajudou? Foi à manif, ok.
O meu partido?
EliminarMinha cara anfitriã/o, sou uma passageira silenciosa e atenta.
ResponderEliminarSou uma idosa, não me vejo assim, mas a sociedade rotula, de 74 anos.
Leio o que escreve e gosto dos comentários também.
Esta situação é impossível. Desgastante e profundamente impiedosa.
Alegra-me ler o que os jovens dizem sobre o assunto. E aqui, há por onde alegrar.
Agradeço-vos.
Querida visitante, antes de mais deixe-me agradecer o facto de ler o que por aqui se escreve. Tanto eu, que escrevo as quixotadas, quanto quem tem a gentileza de as comentar temos todo o gosto em ser lidos e comentados. Este espaço serve para isso mesmo, tratem-se assuntos risíveis ou outros tão sérios e tristes como os que estão na base do texto que comentou.
EliminarDepois, permita-me dizer-lhe que quem tem rótulos são os frascos. A sociedade rotula, mas não devia fazê-lo. 74 anos não merecem rótulos, mas sim o respeito que todos queremos receber quando (e se) lá chegarmos.
Muitos jovens não vêem mais do que vai além da biqueira dos ténis. Mas muitos, muitos outros, felizmente, interessam-se, lêem, esforçam-se por pensar sobre as coisas e ter uma opinião formada sobre elas. Valham-nos estes e a esperança de que os que não se interessam hoje venham a fazê-lo amanhã.
De facto, o que se passou é tão revoltante e incompreensível que quaisquer palavras são curtas. Não chegam para manifestar o espanto pela repetição de tragédias nem a revolta prlo abandono a que as pessoas foram votadas. É demasiado triste.
Espero que volte sempre e que se sinta à vontade para deixar o silêncio e falar. As caixas de comentários estão sempre disponíveis para quem dá por aqui um pulinho.
Cumprimentos.