quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Regressão felina

A minha mai'nova foi deixada ontem ao final do dia na clínica veterinária para ser esterilizada. Consequência óbvia foi que o Sr. Gato ficou sem a sua amiguita peluda para as brincadeiras do costume. Foi por isso que na noite que passou e esta manhã vivi com o gatarrão uma espécie de filme de ficção científica que consistiu numa interessante viagem de regresso ao passado. Como? Eu explico. 

O Sr. Gato foi, desde que chegou lá a casa com dois pequenitos meses de existência, sempre muito parecido com um cão no que ao comportamento diz respeito. Li em vários sítios que era mesmo assim, era próprio daquela raça, eram muito amistosos e ligados aos seus humanos, seleccionando um dos donos e seguindo-o para todo o lado. Ele era assim: seguia-me para todo o lado. Podia até estar em sono profundo ao meu lado, mas se eu mudasse de divisão ele acordava e ia atrás. De manhã acordava e ia para cima do meu peito (coisa que quando ele começou a ter mais de quatro quilos se tornou estranha...) para ronronar e dar marradinhas que eram verdadeiras intimações para lhe fazer festinhas. Era um gatarrão enorme, mas era um bebé a precisar de atenção humana constante. Nem parecia um gato, ainda que fosse (e é) para lá de adorável. 

Depois, há quatro meses, a Lady Gata mudou-se lá para casa e ele passou a ser, de facto, um gato. Deixou de estar fundido com os donos para passar a assumir o papel de protector daquela peluda mais pequenita. Dormem juntos, lambem-se, partilham a comida (e com isso enlouquecem-me porque era suposto ela não comer a comida dele)... Ele já nem faz questão de dormir comigo! Há quatro meses que ele, que já era feliz e muito mimado, rebenta pelas costuras de contentamento por ter "uma das suas" a fazer-lhe companhia. Eu já não sou a sua companhia de eleição: eu sou "aquela tipa que dá comida e, ultrage, tenta escovar o pelo"!

Na noite passada ele foi exactamente igual ao que era antes de ter a gatinha. Dormiu comigo e ainda antes de soar o meu despertador, já ele estava deitado em cima do meu peito a ronronar e pedir festinhas, dando marradinhas e roçando o focinho na minha cara. Esteve naquilo uns quinze minutos. Depois, enquanto me preparava, seguiu-me para todo o lado e miou quando fechei uma porta. Era o gato antigo de volta!

Portanto, depois deste filme de regressão felina, posso ficar feliz porque afinal o peludo não deixou de gostar de
mim: apenas se limitou a arranjar uma companhia à sua medida, que lhe lambe as orelhas e lhe faz massagens. Hoje à noite a menina regressa e eu voltarei a reduzir-me ao meu papel de gaja que traz o pitéu. 

1 comentário:

  1. Que engraçado! Vês, afinal ele ainda se lembra de ti e pensa em ti como a sua fiel primeira companheira. E da comida, claro =P
    ***

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