sábado, 1 de agosto de 2015

Quixotadas curtas IV

Ora hoje há três ou quatro coisas que gostava de partilhar com o mundo (as três pessoas que visitam o blogue e que são uns amores), mas sem me alongar muito sobre elas, pois sabeis que tenho alguma tendência para a verborreia agravada. E aqui vão:

- Vizinhos. Quem se lembrou de inventar os vizinhos? Em casa dos meus pais só tinha doidos a rodear-nos. Uns que achavam que os cães não precisavam de ir à rua e que, portanto, podiam borrar o quintal todo e ladrar a toda a hora que seriam sempre uns amorzinhos. Esses e outros vizinhos juntavam-se à conversa de quintal para quintal a falar mal dos restantes habitantes do prédio. Bem, isso durou até eu tirar um bocadinho para, na escada do prédio, explicar-lhes que sempre que se punham à conversa nos quintais, ouvia-se TUDO lá em cima, e não era preciso muito esforço. Depois desses doidos, muitos outros se lhes seguiram e, enfim... É melhor nem falar. Lembrei-me disto porque hoje em dia considero que a minha vizinha de cima segue a tradição e não tem noção daquilo que incomoda os outros. Moro numa zona com vento e a senhora insiste em estender tapetes deixando-os pendurados de tal forma que passam a noite a bater-me nos vidros da janela. Resultado: uma barulheira descomunal. A senhora não percebe ou então é surda. Aliás, como também o deve ser a vizinha de baixo que GRITA ao telemóvel a qualquer hora do dia ou da noite. É brutal! A senhora já   tem uma certa idade e não deve ouvir bem, pelo que, apesar de já falar naturalmente alto, grita quando se irrita e, acreditem, ela irrita-se bastante. E, como se não bastasse no que a vizinhos diz respeito, há uns meses e em duas ocasiões diferentes queimaram-me com cigarros roupa que estava pendurada no estendal. Portanto, uma quase me parte a janela com os tapetes, a outra grita até me assustar os gatos e algum dos muitos vizinhos de cima acha que atirar cigarros acessos para cima de uma corda cheia de roupa lavada faz todo o sentido. Claro que neste último caso tive de me mexer que não ando a trabalhar para pagar roupa que outros destroem por estupidez. Por isso, meus caros, não me imagino a viver isolada, mas gostava de algum sossego e, sobretudo, de estar rodeada por gente que pára a pensar naquilo que incomoda os outros. Será pedir de mais?

- Estou com algum defeito. Tinha um vale para gastar na Zara e não conseguia. Cada vez que entrava lá não via nada de que gostasse e achava sempre tudo demasiado caro para a qualidade que apresentava. Vi-me e desejei-me para conseguir ver-me livre do vale. Consegui, finalmente, trocá-lo por duas camisolas (pelas quais não estou apaixonada como desejaria) que foram o que de mais bonito (e menos obscenamente caro) consegui encontrar. Em tempos fui uma grande fã da Zara. Agora dispenso-a.

- Depois de muito tempo a ser acordada por gatos ainda antes de o meu corpinho (ou principalmente a minha cabeça) decidir que era hora de levantar, penso ter descoberto a filosofia por trás da coisa. No fundo, os meus gatitos procuraram ensinar-me aquela coisa do "deitar cedo e cedo erguer...". E de facto faz algum sentido: sendo naturalmente alguém que não se deita muito tarde (até porque em tempo de aulas acordo com as galinhas), acabei por perceber que quanto mais cedo acordo, mais o dia rende e mais bem disposta ando. Demorou, mas compreendi a lição dos mestres felinos. Obrigada, miaus.

- Estando oficialmente inaugurada a época de férias (aleluia, aleluia, aleluia), inaugura-se também a época de leitura até cair para trás (haverá de dar outra quixotada). Portanto, além dos livros que tenciono ler, está aberta a época da caça à revista. Revistas de História, Courrier Internacional, suplementos Babelia descarregados para o tablet, revistas literárias encalhadas há meses à espera de leitura e, até, revistas de passatempos: marchará tudo neste mês que se quer de minutos longos e de horas intermináveis. Está aberta a época anual para recuperação de energias e para reposição do stock de leituras feitas porque aquelas que estão por fazer são já imensas.

2 comentários:

  1. Sim, define-o muito bem: já é precisar. Chego ao ponto de já não conseguir compreender as pessoas (sobretudo as mais jovens) que passam bem sem livros, que dizem não ter paciência para ler um livro. Enfim, o que seria do mundo se fôssemos todos iguais? Ainda assim, vejo a minha dependência em relação àquele objecto e não consigo entender o desprendimento de tantos outros em relação a eles.

    Relativamente aos vizinhos, a minha experiência já dava um livro. Sobretudo aqueles que conheci enquanto vivi com os meus pais. Pareciam escolhidos a dedo! Agora onde vivo, vou tendo estas situações em que acho que bastava que as pessoas pensassem um bocadinho para perceberem que uma passadeira de cozinha a bater num vidro durante a noite incomoda e muito. Ou que fumar e deitar os cigarros acesos pela janela fora sem ver se há roupa estendida ou gente a passar é, no mínimo, do mais idiota que existe. Quando chegamos ao ponto de os vizinhos não perceberem isto, está o caldo entornado.

    Felizmente a questão dos cigarros resolveu-se (até ver) através da administração do prédio que, sem fazer alarido algum, deve ter falado com quem importava falar.

    Obrigada! Como não sei se está de férias ou em vias de estar, desejo-lhe um bom domingo e um óptimo descanso. :)

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  2. Vizinhos também tenho para a troca mas felizmente sem tapetes que fazem barulho... ao menos isso.
    Vai partilhando dicas de leituras que depois preciso de ideias para quando chegarem as minhas férias (lá para 2030....).

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