Para uma pessoa que anda de saltos altos diariamente, o dia de descanso em que pode calçar os seus ténis passa a ser encarado como um quase feriado nacional e religioso em honra do santo dos ténis e dos pezitos confortáveis. Nestes dias, calço os meus novos Merrel e imagino-me, qual ursinho carinhoso, a fazer
trala la lala por nuvens, prados verdejantes e arco-íris. Ao longe ouço um som: são os meus pés que ronronam interminavelmente.
Depois vem o dia seguinte e regresso aos excomungados saltos e aos pés cansados. Desço da nuvem, chego à terra e acabo com o ronron de prazer de uns pezinhos satisfeitos. Depois só me sobra mesmo o do gato, que gosta de roçar-se nos meus saltos quando chego a casa (vá-se lá entender...). Esta vida é mesmo um vale de lágrimas.
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