domingo, 4 de janeiro de 2015

Os furões

Estou, finalmente, de volta às quixotadas. Desejo-vos um excelente ano e que seja pleno de sucessos e de alegrias.
 
E cumpridas que estão as formalidades de início de ano, vamos lá à primeira quixotada de 2015. O tema? Os saldos.
 
Nos últimos dois dias tenho ido às compras com o moço. Estávamos os dois a precisar urgentemente de roupa e aproveitámos o facto de os saldos terem começado recentemente para enriquecer o guarda-roupa. É melhor nem falar da quantidade de gente que teve a mesma ideia que nós e, portanto, do quão insuportável consegue ser o simples acto de caminhar dentro de uma loja. Aquilo de que me importa mesmo falar já nem sequer é novidade neste blogue e chama-se Primark.
 
Já com alguns sacos nas mãos, resolvemos entrar na Primark do Colombo e de imediato julgámo-nos no inferno. Gente que não acabava, gente que não caminhava a direito, gente que não nos deixava passar para lado nenhum, gente que falava como se estivesse a vender cuecas para a passagem de ano na feira de Carcavelos, gente que nos abalroava, que obstruía o caminho... um horror! Mas o melhor de tudo, o que nos pôs a andar dali para fora em menos de um fósforo foi um belíssimo episódio vivido com um furão.
 
«Como?» - perguntarão os queridíssimos quixoteiros. A menina explica.
 
Ora, pouco depois de termos entrado na loja e já depois de termos ultrapassado obstáculos vários, eis que chegámos perto de uma coluna que tinha cintos a toda a volta. Como me faz falta um cinto novo, resolvi parar ali e ver se, por acaso, não haveria alguma coisa de jeito. Parece que por ali andava uma senhora dos seus trinta e poucos anos, desesperadíssima por encontrar também alguma coisa que lhe agradasse. E digo desesperadíssima porque só isso explicará o facto de, ao contornar a coluna onde estavam os cintos, basicamente nos ter empurrado dali para fora sem nem sequer olhar para nós (quanto mais pedir licença para chegar onde queria...). A senhora, meio curvada, lá ia de nariz colado aos cintos, levando já um molho deles nas mãos, e levando na frente tudo e todos os que se intrometessem na sua demanda. Foi lindo e lamento não conseguir descrever a situação de modo a que consigam imaginá-la. Foi muito mais absurdo do que aquilo que as minhas palavras conseguem revelar.
 
Depois do choque, decidimos abandonar aquela gaiola de loucos depressa. Não há nada na Primark que eu queira tanto ao ponto de decidir aguentar gente maluca só para o obter. NADA! E muito menos me apetece descer ao nível dos furões que espetam o focinho para fora e que seguem o caminho maluco que traçam, independentemente de haver outros desgraçados pelo caminho (juro, a senhora parecia mesmo um furão). Ali dentro parece que as pessoas enlouquecem. Eu já acho que nos saldos a malta se passa um bocadinho na maioria das lojas, mas na Primark a doideira é elevada ao extremo. Dar dois passos ali dentro chega a ser doloroso. Aquela loja parece trazer ao de cima o que de pior existe nas pessoas.
 
Portanto, acabámos por ir a outras lojas que, apesar de compostas, estavam menos infernais e, de facto, o meu guarda-roupa está um pouquinho mais composto. Felizmente não me cruzei com mais furões.

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