Bom... Ao vigésimo séptimo dia deste desafio, até seria estranho se precisasse de parar durante muito tempo para pensar na resposta a dar. A minha personagem literária favorita é Dom Quixote. Também gosto do Sanchito, mas o Cavaleiro da Triste Figura é A maior, melhor e mais ímpar personagem de todos os tempos. É um ‘louco’ do século XVI (quando Cervantes terá começado a escrever a obra), mas ao mesmo tempo é das personagens mais sensatas que já tive ocasião de conhecer nos livros. Diz coisas que em muitos casos ainda não ouço dizer no século XXI. Sabe o que é a liberdade e qual a sua importância, coloca o amor por um filho acima de todas as desilusões que ele nos possa dar, defende a liberdade das mulheres para decidirem o seu futuro, ainda que as suas escolhas possam fazer infelizes alguns homens. Ao mesmo tempo é a personagem que usa uma bacia de metal na cabeça, crendo ter na sua posse o famigerado elmo de Mambrino; é a personagem que põe na cabeça uma bacia cheia de requeijões e que depois pensa ter os miolos a derreter; é a personagem que entra dentro de uma jaula com um leão; é a personagem que combate contra moinhos de vento e leva uma tareia; é a personagem que solta uma série de condenados e que a seguir se vê espancado por aqueles a quem dera liberdade; é a personagem que ama uma lavradora mal amanhada e vê nela a mais bela das mulheres. Enfim, o que há para não amar nesta personagem? Nada. E amamo-la melhor lendo as suas aventuras.
28. Personagem literária que gostarias de conhecer
A personagem literária que eu mais gostaria de conhecer... Hum... Nunca tinha pensado nisso. Acho que não tendo a imaginar as personagens fora do papel e, por isso, nunca me tinha debruçado mesmo sobre o tema. Não sei, mas talvez fosse o João da Ega, de Os Maias. Parece-me um tipo porreiro e divertidíssimo. Fora esse, talvez gostasse de trocar umas palavrinhas com o Sr. José, de Todos os Nomes, e com o Bentinho de Dom Casmurro. A este último gostava de dizer-lhe que é um tonto e que a Capitú não o traiu coisíssima nenhuma. Pelo menos eu sou adepta desta posição. Contudo, nunca saberemos o que estaria na cabeça de Machado de Assis.
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