domingo, 23 de novembro de 2014

Já não POSSO!

Já não POSSO ouvir notícias sobre aquela aldeia que anda num virote por causa da mudança do padre. Não há um domingo de sossego! Não há domingo sem vir a bela imagem da população a fazer uma figura muito triste a enxovalhar o novo padre e a clamar em altos brados pelo pároco retirado da aldeia pela diocese. E já não POSSO particularmente ouvir alminhas dizerem que enquanto o antigo padre não regressar, não irão à missa.
 
Meus senhores, todos os anos milhares de professores (essas almas que ensinam os vossos filhos e netos e que são decisivos para a sua formação escolar, mas também cívica) rodam pelas escolas do país sem que haja o mínimo de respeito ou de consideração para com eles e para com os alunos que, frequentemente, saem a perder. Se não são os próprios a fazer barulho, não há uma alma que se digne a ir para a rua gritar pelos docentes que podiam garantir estabilidade ao ensino dos vossos filhos e netos. Mas eis que se vêem estes casos em que se grita por um padre, em que as forças policiais (que eu e todos pagamos) têm de deslocar-se para garantir a segurança do novo pároco... A mim isto prova-me que não andamos bem. Se existisse, de facto, fé, iam à missa com o padre antigo, com o padre novo, com um padre qualquer. O que se faz na igreja na hora da missa (e acho que para perceber isto não é preciso ser-se muito praticante) ultrapassa o «condutor» da cerimónia. Ou seja: vai-se pelo ritual de fé que ali acontece e não por ser o pároco A, B ou C. Dizerem que não vão à missa enquanto o padre que querem não regressar é hilariante porque demonstra até à exaustão que não vão à missa para rezar ou ouvir o Evangelho: vão pelo padre. Ponto.
 
Pergunto-me se as vossas crianças tiveram os professores colocados a tempo e horas. Pergunto-me se todos iniciaram o ano quando devia ser, sem serem prejudicados pela lotaria da colocação de professores. Como nunca vos vi de cartazes em punho a lutar pela manutenção dos professores do ano passado ou a reclamar pela falta de colocação de docentes nas escolas da zona, deduzo que tudo correu bem ou que ficaram satisfeitos com a rotatividade. Sois uns sortudos!
 
Agora, já que pelos vistos a aldeia ou vila ou o que seja não vai parar tão cedo com este comportamento, seria pedir muito aos canais de televisão para pararem de dar importância ao caso? É que o resto do país já está saturado de ver tanta luta por um mensageiro e a mensagem a ser desprezada por todos os que viram as costas à missa enquanto o seu desejo de voltar a ter o antigo padre de volta não se realizar. Luta-se tão pouco pelo que vale realmente a pena e depois temos isto... Uma amostra do que a fé não deve ser em horário nobre na televisão.

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