domingo, 2 de novembro de 2014

Colinho bibliófilo

Eu disse que o novo livro do Saramago, intitulado Alabardas, era um assalto. Muita parra e pouca uva, no fundo. Algumas páginas de um grande autor, insuficientes para um livro, mas que adicionadas a textos críticos e a ilustrações chegavam ao mínimo necessário para um volume ser considerado um livro. A brincadeira custava à volta de quinze euros, julgo, e achei desde logo um exagero. Claro que já se sabe que tudo o que tenha saído da mãozinha de um escritor como o Saramago vale ouro, mas também não cheguemos a tanto: estas páginas foram as últimas que escreveu e são importantes para continuar a perceber um autor tão grande e tão capaz quanto ele era, ainda assim não são, sozinhas, suficientes para serem um livro ou para custarem à volta de quinze euros. 

Por isso, logo que soube o preço do livro, disse que me recusava terminantemente a gastar tal dinheiro nesse livro. Ironicamente, caiu-me no colo esta semana pelo preço da uva mijona e acabei por aproveitar. Portanto, o Alabardas já mora junto aos seus colegas, menos ilustrados, com menos páginas de crítica e que tinham um preço original semelhante a este. Bem sei que o preço de um livro depende de muita coisa que não apenas o número de páginas, mas vamos lá... Foram as últimas palavras que Saramago terá escrito, sabendo já que não viveria muito mais tempo e que, talvez, nem viesse a completar a obra. Há que respeitá-las e lê-las com a devida admiração e o merecido respeito. Daí a encarar o Alabardas tal como ele está como sendo o último livro do autor, vai um enorme pedaço.

Menos um para a lista de presentes de aniversário, que já está próximo. A propósito, também me caíu a reedição de um romance de Saul Bellow no colo. Este colo anda um sortudo...



E a caminho, via correios, vem este, oferecido pelo fofo:




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