terça-feira, 20 de agosto de 2013

Lavagens e escolhas

Já andava há uns bons meses sem ir ao Mcdonald's. Cheguei à conclusão de que era viciante e de que mais valia não ir para, precisamente, não sentir uma constante vontade de lá voltar. Agora com esta polémica toda em torno do Jamie Oliver, que expôs ao mundo o processo de fabrico dos hamburgueres nos Estados Unidos (com carne que já nem devia ser utilizada para consumo humano, mas que depois é centrifugada e lavada com qualquer coisa como amoníaco), não me parece que volte lá mais. Acredito que nem todas as lojas em todas as zonas procedam desta forma, mas a verdade é que se já todos sabemos que a fast food não é, de modo algum, o que de melhor podemos ingerir, saber que existem por aí seres humanos que nos dão carne que não devíamos consumir e que a tornam "comestível" através de uma lavagem química é assustador. Parece que na América Latina e no Reino Unido o processo não é utilizado, pelo menos de acordo com o que li. Sobre o que se passa no nosso país nada sei, mas espero mesmo que nada disto aconteça. É demasiado grotesco.

Tudo isto podia ser apenas mais uma das batalhas de Jamie Oliver e não ser, na realidade, verificável. A Mcdonald's apressou-se a desmentir que os seus hamburgueres passem por tal processo. Contudo, a verdade é que o cozinheiro britânico venceu o processo em tribunal e a cadeia de restaurantes já fez saber que vai alterar a receita dos seus hamburgueres (alegando outros motivos, claro).

Como disse, já desistira de ir ao Mcdonald's antes de saber disto. Foi mesmo uma decisão pessoal, tomada sem sonhar que poderia existir amoníaco nos hamburgueres. De vez em quando lembrávamo-nos de ir lá, e de cada vez que isso acontecia era certo e sabido que em breve voltaríamos, precisamente por ser uma comida que descrevo, na minha opinião, como "viciante". Come-se hoje e apetece novamente amanhã; passa-se um tempo sem a provar e deixa-se de sentir essa vontade louca de a devorar. Comigo isso acontece, mas cada caso é um caso.

Todos sabemos que nos dias que correm muito se passa com a comida que nos chega ao prato. Por vezes, o alimento mais simples passa por processos complexos que, julgo eu, eram desnecessários. Tivemos há pouco tempo a questão da carne de cavalo e já assistimos a muitas outras. A indústria alimentar, principalmente em países muito grandes e com muitas bocas para alimentar, é tão complexa e difícil de compreender que acaba por ser preferível fechar os olhos a tudo. Talvez não devêssemos fazê-lo, afinal trata-se de saber aquilo que andamos a ingerir; que coisas estamos a colocar no nosso corpo. 

Vocês farão o que entenderem com o que Jamie Oliver revelou. Que eu saiba, nada foi dito sobre a cadeia em Portugal. Esperemos que o problema seja apenas americano e que por cá o amoníaco fique bem longe da carne. De qualquer forma, por causa de tudo isto, lembrei-me de vos aconselhar um livro que li há uns tempos sobre o que acontece nos Estados Unidos, no que à alimentação diz respeito. É de um autor que tem investigado e estudado as alterações na alimentação americana ao longo do tempo e que explica o que se passa com a carne e os seus produtores naquele país. Eu considerei-o muito interessante e esclarecedor. Fica a sugestão.


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