E terminaram as férias em Viana do Castelo. Estou já pomposamente sentada no meu sofazinho lisboeta. Honestamente, tenho algumas saudades da cidade fantástica onde passei as duas últimas semanas. Foram talvez as férias em que mais me diverti e em que mais descansei. Depois destas férias, não sinto que precise de outras para descansar. Foram boas, portanto.
Não tenho comigo as fotografias destes dias, mas posso desde já afirmar que tirei muito poucas quando o comparo com outros anos. Muitas vezes tive a noção de que a máquina fotográfica estava a passar demasiado tempo na mala. Contudo, também muitas vezes pensei que bom é gravar certas imagens na nossa memória, uma vez que fotografia nenhuma pode reproduzir com fidelidade aquilo que os nossos olhos viram. A imagem está lá, mas o que eu vi realmente, com os meus olhos e o meu pensamento, fotografia nenhuma reproduzirá. Pensei nisso enquanto fazia um cruzeiro pelo Lima. Ofereceram-nos dois bilhetes para um daqueles cruzeiros onde se provam uns petiscos, uns vinhos e se ouve uma guitarrada e a voz de um guia que vai explicando a paisagem. Era tudo tão bonito que fotografia nenhuma poderia captar o momento. A explicação do guia, a música, o vinho, o rio e toda uma paisagem de fazer inveja a muitas outras cidades eram demasiado perfeitos para caberem numa única imagem. Mas é essa mesma imagem complexa a que mais me fica destes muitos dias em Viana do Castelo.
Comi muito, andei muito, ri muito, fiz muitas compras, matei bem as saudades que tinha daquela cidade. Descobri que este ano Viana não foi tanto a romaria, mas muito mais um programa próprio decidido ao sabor da vontade e do cansaço. Não assisti a boa parte do que se passou durante a festa: vi apenas o que quis ver e não me preocupei com isso como noutros tempos em que não queria perder pitada. Conheci pessoas que me mostraram uma Viana que desconhecia e segui alguns do seus conselhos. Os que ficaram por seguir estão reservados para uma próxima viagem (no próximo Verão, quem sabe?). Não há pressas: Viana do Castelo não se esgota.
No último dia vi um papel à porta de uma livraria dizendo "Funcionário/a precisa-se" e a minha vontade foi mandar tudo para o ar e entregar o meu currículo. Sei que seria infinitamente mais feliz a trabalhar com livros do que a ensinar nas condições que o ensino hoje apresenta. Mesmo a vender livros (coisa que já fiz e que adorei), seria feliz porque mexeria no que me aquece o coração, porque estaria na cidade de que mais gosto, porque largaria a vida maluca de Lisboa. Mas, enfim, o papel lá ficou e a vida continuará igual ao que estava antes do Verão. Em breve recomeçarão as aulas e o papel na porta da livraria da cidade onde eu gostava de viver acabará por ser lançado para os fundos da memória. A vontade de trabalhar com livros ficará, bem como a de voltar a Viana do Castelo, cidade onde "quem gosta vem, quem ama fica". Mas afinal, não são isto as férias: a sensação de muitas possibilidades abertas que se consomem quando os dias de descanso chegam ao fim?...
Sem comentários:
Enviar um comentário