quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Cá estou e revoltada

Depois de uns primeiros dias de descanso (alguns deles sem acesso à internet), eis que estou de volta. Foi uma pausa para descanso, já que passou por ler, comer, dormir e ver filmes. Foi basicamente isto e não foi nada mau.

Nos entretantos tomei conhecimento de uma carta que anda a circular pelo facebook e que foi escrita por uma professora formada em ensino (não me recordo da disciplina) pela Universidade do Minho. Nela, a autora pergunta qual será a postura da instituição de ensino superior que lhe conferiu a habilitação para a docência após anos de estudo e de estágio profissional perante o exame de acesso à carreira que o Ministério da Educação quer, com tanto afinco, instituir. Pergunta, ainda, se este mesmo exame não retira credibilidade às universidades que têm, ao longo do tempo,formado docentes. É óbvio que se nos é concedido o grau e se somos habilitados para a docência num determinado grupo de recrutamento é porque estamos aptos para ensinar e porque dominamos a área científica que escolhemos. Então por que raio temos de mostrar que não somos uns perfeitos idiotas ao fazer aquilo que gosto de chamar de "exame nacional para professores"?

Frequentei com excelentes classificações um Mestrado em Ensino numa universidade pública. Escrevi uma dissertação final que levou um ano a ficar pronta. Para a escrever, tive de estagiar. Depois defendi-a em provas públicas idênticas às dos mestrados não profissionalizantes. Sempre me foi dito e está no meu certificado que com aquele curso de segundo ciclo ficava habilitada para o ensino do terceiro ciclo do ensino básico e do ensino secundário. Mas, pelos vistos, a palavra da universidade e a avaliação que me foi feita não chegam. Parece que afinal, e apenas para o Ministério da Educação, o trabalho da faculdade no mestrado que ESSE MINISTÉRIO PERMITIU QUE ABRISSE não chega para eu ser professora. Se quero ingressar na carreira, tenho de mostrar os meus conhecimentos num exame feito pelo ME. Sinto-me com muitas ganas de pedir de volta o dinheiro gasto em propinas para formar-me professora... É que além do insulto que é, nada disto apareceu escrito na minha folha de candidatura/inscrição no mestrado. Soubesse eu disto, sonhasse que eu que um excelente desempenho académico no curso que faria de mim professora não seria suficiente e teria imediatamente arrepiado caminho, entregando o dinheiro das propinas a outro curso que me permitisse trabalhar numa área que me tratasse melhor.

Este é, em meu entender, apenas mais um episódio na saga da caça às bruxas (leia-se "professores") que tem acontecido nos últimos anos. Já fomos tidos como calões, brutos, privilegiados e queixinhas. Agora passamos, também, a burros. Querem fazer a triagem? Muito bem: façam-na ao nível do ensino superior não conferindo o grau a quem não o merece mesmo. Agora, assumir que todos somos muito esquecidos (ou burrinhos) e que de tempos a tempos precisamos de um examezinho (e quem o corrigirá, senhores?...) para refrescar conhecimentos ultrapassa o aceitável. Em Setembro inicio o meu quarto ano como professora. É agora que querem que faça uma prova? E se reprovar, enviam um pedido de desculpas aos alunos que já me passaram, pelas mãos? E correm a chicotear os professores que tive na faculdade? E devolvem-me o dinheiro gasto na minha formação superior? Não, pois não? Já calculava... Se o exame me correr mal, o problema é meu e só meu, como seria de esperar.

Em suma: se não queriam que fôssemos professores, só tinham de fechar as vagas para os cursos que conferem habilitação para a docência. Como não o fizeram, como abriram as vagas e aceitaram o nosso dinheiro (que não foi pouco) e como ainda nos conferiram um certificado (caríssimo, por sinal) que diz que temos habilitação para a docência, agora deviam deixar-se de atitudes inquisitoriais e apagar de vez as fogueiras onde querem queimar a nossa profissão. 

5 comentários:

  1. Sem internet? Espero que isso não tenha sido nos dias de descanso cá pelas minhas bandas... Estamos bem "ligados" ao mundo! :)

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    1. Não. Foi mesmo ali pelo centro do país, numa zona escondidinha. As férias aí pelos teus lados ainda estão para vir. E espero que sejam mesmo com mais ligações ao mundo! :)

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  2. Se precisares de informações, dicas ou ajuda com alguma coisa... É só dizer! :)

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    1. Obrigada! Quero ver se este ano aproveito para visitar o Porto e algumas zonas de Viana que ainda não conheço. A propósito, as famosas bolas de Berlim são do Natário que fica relativamente perto da Praça da República, não são? É que acho que há duas pastelarias com o mesmo nome...

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  3. Sim, as famosas bolas de Berlim são do Manel Natário que é a que fica na ruinha que vai da Av. à Praça da República. O outro é o Zé Natário que fica mesmo na Av. dos Combatentes, também tem coisas boas, mas o meu favorito é o Manel Natário. Para além das bolas de berlim tem uns folhados óptimos, de frango, de vitela, de pato! hummmmmm... :)

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