Pronto. Hoje/ontem (que já passa da meia-noite), Viana do Castelo saiu na rifa dos incêncios. Fossem bem presos e castigados os enormes cabrões que os causam e certamente teríamos menos disto todos os anos. É das coisas que mais me envergonham: viver num país com tanta áreal florestal que é tão pouco protegida e onde quem provoca deliberadamente incêndios pode ser sujeito a um singelo termo de identidade e residência, como se no caminho para a apresentação na esquadra não pudesse fazer um desviozinho até à mata mais próxima... Palavra de honra que por vezes, quando penso nestas coisas, me sinto dentro de um romance de Voltaire. O Cândido ou O Ingénuo poderiam ter uma nova versão relacionada com a realidade dos incêndios florestais em Portugal.
Acho lindos os anúncios televisivos a apelarem ao cuidado para que a negligência não leve a novos fogos. Não faça fogueiras, não deite foguetes, não atire cigarros... Acho isso tudo muito bem. Mas não me lixem: não acredito que um incêndio iniciado às três ou quatro da manhã nasça de um foguete ou de uma churrascada. Ou muito menos que um incêndio que parece começar com cinco ou seis focos diferentes seja resultado de negligência. Acho que ninguém crê nisto. Ouvimos falar em suspeitos de fogo posto, em detidos e no diabo a sete, mas depois vêmo-los na rua enquanto morrem os que estão incumbidos de apagar a merda que aqueles fazem. É terrivelmente injusto: para que uns malucos estejam livres, outros perdem a vida. Correndo o risco de parecer a Inquisição, aplicava a esta gente a regra do "olho por olho, dente por dente". Uns castigos exemplares talvez demovessem uns quantos doidos varridos de queimar uma das nossas maiores riquezas. Mas não. É o país dos brandos costumes e do fumo. Todos os anos o mesmo espectáculo e os mesmos idiotas a provocá-lo. Só mesmo por cá.
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