domingo, 3 de fevereiro de 2013

Palhaçadas

Tenho uma aluna que nunca faz os trabalhos que eu mando. Faz sempre outros bem diferentes daqueles que pedi. Se lhe peço para conjugar três verbos, conjuga um que nem estava na lista dos que lhe pedira. Se mando escrever um texto de quinze linhas, escreve um de dez e puxa do argumento típico e que já me cansa: "a mãe disse para eu fazer assim". Da primeira vez ainda tive alguma paciência, mas depois disso esgotou-se. Agora, quando aparece com uma coisa diferente aquela que mandei e argumenta que fez como a mãe mandou, aponto que não fez o trabalho de casa que é para ver se ela e a mãe (que provavelmente até nem diz nada) aprendem.

No outro dia vi-lhe o caderno. Tinha as lições abertas, porém não escrevia a data em nenhuma. Deixei-lhe uma notinha a dar conta da necessidade de incluir a data das lições. Depois de ler o que eu escrevi, vem ter comigo e diz, meio embaraçada:

- Eu nunca escrevo as datas...

- Pois não, M. Mas tens de as escrever. Eu quando abro as lições no quadro, também as escrevo com data.

-Sim... Mas a minha mãe disse para eu fazer assim.

Palavra que tive de respirar fundo. Expliquei-lhe que ela tinha de fazer como eu faço e perguntei-lhe como seria se eu a mandasse estudar a lição do dia "tal". A miúda encolheu-se num tal embaraço que acabou por dizer:

- Pois é... Tenho de começar a abrir as lições, não é?

- Tens.

Neste caso não sei se é mesmo a mãe que diz alguma coisa ou se é apenas a miúda que a usa como desculpa para todos os disparates que faz. Infelizmente até os mais pequeninos já perceberam que numa escola o argumento "pais" vale muito. Mas a mim não me interessa: ou faz como eu digo ou tem a nota de quem não fez. A mãe, se quiser as coisas à maneira dela, meta-se na faculdade e faça o curso que me habilitou profissionalmente a aturar estas palhaçadas todas.

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