quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Terminado e aprovado

Hoje terminei o livro N. 44, Um Estranho Misterioso, de Mark Twain, e deixem-me dizer-vos que o senhor era um grandessíssimo alucinado. O início do romance é do mais apelativo que já tenho lido. A mim, que sou muito desapegada daquilo que leio, foi-me difícil pousar o livro nos primeiros, talvez, catorze capítulos. Depois percebe-se, e a tradutora também no-lo vai dizendo, que o autor andou ali um bocado arredado do texto e que, quando lhe pegou, já era uma pessoa diferente, não tendo sido capaz de manter o mesmo registo. Diz-nos a tradutora, Margarida Vale Gato, que enquanto escrevia o livro, Twain teve de parar o seu trabalho para acompanhar a esposa durante a sua doença e morte. Assim, ao voltar à escrita, terá continuado o texto sem, contudo, ter conseguido evitar a estranheza que causa no leitor aquela mudança na narração que a torna, de repente, menos risível, mais séria e mais profunda. 

O livro coloca-nos perante a questão do "estranho" que chega e abala toda uma comunidade. Mais: põe-nos diante dos olhos a estranheza de algumas das crenças que mantemos em Deus e uns nos outros. Também por esse aspecto é uma leitura que vale a pena. Importa ainda referir que este livro tem momentos de humor fabulosos, como quando, logo ao início, um padre mau como as cobras faz a folha ao próprio diabo, dando deste último a imagem de um inocente fácil de enganar. É livro capaz de arrancar umas valentes risadas e de, ao mesmo tempo, levar-nos a considerar as nossas crenças como muito induzidas e pouco pensadas. Aconselho vivamente.

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