quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O sono e as novelas

Hoje às cinco da tarde já um dos meus alunos tombava de cansaço. Conversando com ele percebi que o problema não estava na hora a que acordara, que até foi bastante depois daquela a que acordei, mas sim devido à hora a que se deitou: meia-noite e trinta. E porquê? Porque queria ver a novela que dá depois da Gabriela. Então ele explicou-me: à noite passam três novelas e ele gosta de ver a primeira e a última. Durante a segunda adormece e depois acorda para ver a terceira. Só depois de esta terminar é que aquela criança de dez anos descansa realmente.
 
A questão que eu coloco é: o que têm aqueles pais na cabeça para permitirem tal coisa? Pais que por qualquer coisa vão à escola para tirar satisfações, mas que depois aceitam que o filho se deite quando eu, adulta de vinte e sete anos, já levo quase duas horas de sono. Mas como raio querem alguns pais que aceitemos as críticas deles ao nosso trabalho (quantas vezes tão ridículas e fora da realidade), quando eles nem cumprem a parte deles? Aquela criança tem dez anos e deve ser tratada como tal. Televisão àquelas horas? Nem pensar! E se ele vê às escondidas dos pais, coisa que não sei se acontece ou não, o melhor a fazer é retirar-lhe a televisão do quarto e impedi-lo de ver o que não deve nas horas que deviam ser dedicadas ao sono. É que se os meninos não dormem o que têm a dormir, tudo correrá mal na escola: não tenho dúvidas disso. Depois é fácil culpar a criança (raramente) e os professores (sempre) pelos fracos resultados. O que é facto é que não sou eu que apago a luz àquela criança, nem sou eu que lhe permito o acesso à televisão num horário impróprio a um miúdo de dez anos. Acho isto ridículo e acho que muitos pais não percebem que fazer as vontades todas não é amar nem educar. Na maioria das vezes, a palavra «não» ensina mais do que muitas horas de novelas.

2 comentários:

  1. Ahahah... Como é que é possivel o puto gostar mais da primeira novela do que da Gabriela? Isso sim é incrível. :)

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  2. Ele há pais...
    Depois quando eles crescem queixam-se...

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