quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Há duzentos e cinquenta e sete anos

E pensar que há duzentos e cinquenta e sete anos Lisboa estava a ser destruída por um terramoto, inúmeros incêndios e um maremoto que fez o Tejo recuar e avançar abruptamente sobre a cidade. E pensar que este gigantesco acontecimento que alterou drasticamente o traçado da nossa capital, que a fez ser como ainda vai sendo hoje e que pôs em destaque o pensamento de um homem tão odiado como o nosso Marquês de Pombal é muito pouco conhecido pelos mais novos que, não raras vezes, nem a sua data sabem indicar.
 
O século XVIII é, para mim, uma das épocas da história sobre as quais mais gosto de ler. Acho fascinante o amor/ódio que rodeia a figura de Sebastião José Carvalho e Melo, bem como a estratégia que tão bem delineou para chegar onde mais queria: ao poder. Gosto, também, de ler sobre a sua actuação nos dias que se seguiram ao terramoto, ainda que afinal não tenham sido dele as palavras que mandavam enterrar os mortos e cuidar dos vivos. Acho extraordinariamente cruel a teia urdida em torno da família Távora e uma barbaridade os castigos com que os seus membros foram punidos. A par disso, acho muito interessante a vida da Marquesa de Alorna, pertencente à família nobre que o Marquês de Pombal arrasou, e o modo como conseguiu destacar-se numa sociedade de homens e onde à mulher só cabia a maternidade e a burrice. Acho cativante o modo como Sebastião José aliava ideias modernas a outras tão cruéis. Encontro imensa graça no facto de o nosso rei, à época, praticamente entregar todo o poder nas mãos do seu Secretário de Estado do Reino enquanto ia encontrar-se com uma amante, que, só por acaso, era uma Távora...
 
A história daquele século é tão rica que chega a ser triste que muitos meninos não a queiram conhecer. E quem diz meninos diz adultos que preferem ignorar a nossa história, trocando-a facilmente por uma novela brasileira. É doloroso quando se verifica que não se sabe o mais básico sobre o país em que nascemos e nos movemos, não raras vezes, durante uma vida inteira. A pensar nisso, neste dia 1 de Novembro, data de tão má memória para esta nossa Lisboa, deixo algumas sugestões de leitura que podem ajudar a esclarecer muitas dúvidas e, ainda, proporcionar umas horas de boa leitura e de bom entretenimento.
 
Mas antes, claro, desejo-vos um bom feriado. Aproveitem-no bem porque daqui a um ano estaremos todos a picar o ponto para entrarmos ao serviço.
 
 
(Para quem quer ler sobre os factos, com clareza e 
sem qualquer ficção à mistura.)
 
 
 
(Para quem quer uma mistura de vários ingredientes bem montados numa ficção narrada
por uma figura muitíssimo peculiar. Aqui encontrarão a vida
do padre Gabriel Malagrida, confessor de Leonor Távora, a ascensão ao poder
de Sebastião José, o tempo que antecedeu o terramoto, entre outros temas.)
 
 
 
(Para quem quer conhecer o poder que o Marquês de Pombal teve sobre as
famílias nobres portuguesas e o modo como as suas decisões alteraram
a vida das mulheres destas famílias. Este é para quem quer apenas ter uma ideia do
que sucedia naquela época e de quem foi a Marquesa de Alorna. Não é uma
pérola literária, mas ensina qualquer coisa. Sobre a mesma figura histórica e para
quem prefere uma prosa mais conseguida e, até, com bastantes rasgos poéticos,
 valerá a pena ler o livro As Luzes de Leonor,de Maria Teresa Horta.)
 
 
 
(Para os mais novos, que também devem, ou melhor, têm de conhecer
este episódio e esta época da nossa história. A narrativa é simples e lê-se
sem qualquer dificuldade. Vale a pena, ainda, pelo apêndice final onde as autoras
acrescentaram alguma informação histórica para ajudar a compor a imagem
 do que era Lisboa antes e depois do terramoto. Mais: apresentam-nos
algumas das figuras que se destacaram na época.)


3 comentários:

  1. Ainda não adquiri o "Marquesa de Alorna"... Quem sabe o Pai Natal não se lembra de mim. Fiquei com vontade de reler "O Dia do Terramoto", do sítio onde me encontro já o estou a ver na estante a sorrir para mim... Era um bom programa para a tarde de hoje. :)

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  2. Prontinho, em 1h50min reli a história. Já não me lembrava bem da "trama"... :) Belo programa de feriado à tarde!

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    1. Tenho tanta pena de que os miúdos não gostem muito desta colecção. É tão gira. De vez em quando sabe mesmo bem voltar a estas histórias. Tenho de ver se completo a colecção. :)

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