segunda-feira, 4 de abril de 2016

As minhas quinze mãos e a chuva

Em dias chuvosos como o de hoje, devia transformar-me num polvo. Ou mesmo numa centopeia (o bicho mais nojento do universo). É que segurar o chapéu-de-chuva e duas malas, o passe e o telemóvel porque alguém resolveu ligar-me no preciso momento em que o meu autocarro estava a chegar e prestes a passar por cima de uma descomunal poça de água está ao nível dos melhores. Mas mais: já dentro do autocarro tenho de, ataviada com isto tudo, desviar-me de toda a gente, sentar-me e atender a m**** do telemóvel. Ora, como se não bastasse, o chapéu-de-chuva pinga por todos os lados. Lá consigo devolver a chamada, tentando desviar o chapéu molhado das minhas pernas, e, quando desligo, procuro guardar o passe (que continuava numa das minhas aparentes quinze mãos) na mala. Descubro que o estojo das canetas está na minha carteira e não na pasta dos livros (ainda bem que o descobri no autocarro e não em plena aula, pois havia de fazer uma bela figura). Resolvo passá-lo para a pasta dos livros, mas o fofinho está de pernas para o ar e abre-se quando o puxo. Saltam canetas e marcadores e borrachas pelo ar. Felizmente ficam circunscritos ao interior da carteira. Dá-se então início à "Operação Estojo". Quando está finalmente terminada, guardo o estojo na pasta e tento enfiar o chapéu molhado num saco de plástico. Depois quando chegar ao trabalho pô-lo-ei a secar. 

Claro que são oito e meia da manhã e já só desejo que o dia acabe. Não tenho quinze ou vinte mãos, mas tenho nervos fáceis de perturbar. 
  

2 comentários:

  1. Como eu te percebo, também odeio dias de chuva e ter de andar de transportes públicos com a tralha toda atrás, mais o guarda-chuva e tudo e tudo. Bom resto de semana ;)

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  2. Saltaste aquela parte em que as varetas do guarda-chuva se enfiam na roupa das outras pessoas que estão no autocarro, as quais não se desviam quando vêem que tens meio armário de casa pendurados nos braços e nas mãos e, enquanto pedes desculpas a torto e a direito, te olham como se fosses um ET. Ou, quando te levantas para sair do autocarro porque chegou à tua paragem e o motorista fecha a porta mesmo no teu nariz porque está com pressa e devias ter-te despachado mais rápido. Nesse momento, gritas quando o autocarro arranca "senhor motorista, abra a porta outra vez se faz favor" e ele, com cara de aziado, lá te "faz o favor". Isto quando, claro, o motorista não faz orelhas moucas e, mesmo depois de teres tocado a campainha, ignora tal sinal sonoro e segue sempre... e vez a paragem desaparecer, ao longe.
    Dias de chuva + dias de andar de autocarro = apocalipse.
    ****

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