terça-feira, 29 de agosto de 2017

Em busca de lugar na estante IV

Andei mais caladinha nos últimos dias porque não estive por cá. Estivemos em Madrid para uma semaninha de férias com muitas tapas à mistura. Mas Madrid não seria Madrid se a mala não regressasse a tocar os limites de peso permitidos pela TAP, bem cheia de livros e de Quixotes que por lá abundam. Desta vez até o meu moço trouxe uns livros, pois está decidido a desenferrujar o seu espanhol. O meu está bom e por isso mesmo aproveitou certas oportunidades para ter livros que por cá não se encontram ou que são mais baratos por lá. Alguns, que não estão na foto, sobretudo edições do Quixote, já estão arrumadinhos nas respectivas prateleiras. Estes ainda estão aqui ao meu lado a aguardar a entrada na lista e a posterior arrumação. Por enquanto ainda estou na fase de namorá-los muito.

Há muitas coisas de que gosto em Madrid. Duas delas consistem no facto de ser aqui ao lado e de não ser uma cidade muito cara. Por isso dá para trazer estes livrinhos e outras tralhas que quase fazem desta casa um museu espanhol. Os livros de bolso que por lá se editam são de uma qualidade que, infelizmente, nós por cá não conhecemos em edições portuguesas. Torna-se absolutamente indiferente comprar a edição normal ou a sua versão de bolso porque esta última, muito mais pequena e barata, tem praticamente a mesma qualidade que a primeira. Por isso é de aproveitar. Isso e a possibilidade de aceder a títulos que ainda não chegaram a Portugal e que se calhar nem chegarão. Assim, a entrada nas livrarias da capital espanhola torna-se uma tentação e é precisa muita força de vontade para resistir. Como no Verão passado também estivemos em Madrid, e apesar de a mala ter vindo cheia de livros, alguns ficaram debaixo de olho para quando regressássemos. Vieram este ano. Outros ficaram na lista para uma futura escapadela. Podia ir cem vezes a Madrid que conseguiria sempre arranjar com o que encher os meus dias e as malas.


4 comentários:

  1. Fui a Madrid em Janeiro e também me senti capaz de arruinar. Imensos livros ficaram lá, mas entre a La Central, a Casa del Libro e as barracas da Cuesta de Moyano... ter trazido apenas quatro foi milagre. Vargas Llosa e Ana María Matute foram dois nomes que acabei por não trazer. Estou estupidamente curiosa com esse "Miau"!

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    1. Aquela cidade é uma tentação para qualquer leitor. Aquelas barraquinhas são a loucura! Comprei lá uma maravilhosa edição do Quixote em quatro volumes que é das mais bonitas que já me passaram pelas mãos. E não foi nada cara.

      Quanto ao «Miau»: já ouvi falar muito no autor, embora não tenha lido nada dele. Li as primeiras linhas desta edição (e as edições da Cátedra são excelentes, cheias de notas e de estudos) e fiquei rendida. Acho que me custou 3€ nas tais barraquinhas...

      Ana Maria Matute é das minhas autoras favoritas. O primeiro livro que li dela foi «Paraíso Inabitado» e achei-o lindíssimo. É poesia pura. Depois já li contos e são também maravilhosos. Esta edição de bolso reune vários dos seus livros de contos e de artigos curtos publicados em periódicos. Recordo: livro de bolso, 11€... Onde é que por cá temos disto??? Em Portugal existem algumas editoras que apostam nos livros de bolso, mas não considero que nenhuma dessas colecções tenham a qualidade gráfica que encontro nas espanholas. Tenho uma edição das «Novelas do Minho», de Camilo, a que é quase preciso quebrar a lombada para conseguir ler as letras mais junto à mesma. Não foram deixadas margens confortáveis para a leitura apenas para que se pudesse poupar papel. Para mim isto é ridículo.

      Outra coisa que eles fazem muito melhor do que nós, e já aqui falei disto: publicam livros enormes, mas sempre que podem fazem-no num volume único. Nós andamos sempre a partir em volumes para ver se rende mais. Ultimamente tenho sabido de várias pessoas que leram o «Romanov», sobre o czar e sua família, e que estão possessas porque tiveram de parar a leitura no final do primeiro volume, pois o segundo ainda não tinha saído. Ora, se um já é caro, dois... Em Madrid vi uma pessoa a ler esse livro. Era grande, sim, mas estava lá tudo. Não fica a leitura parada à espera de novo volume.

      Este comentário dava uma quixotada! :P

      A ver se amanhã me actualizo relativamente ao que vocês andaram a escrever nestes dias de ausência. Ainda estou em modo preguiça. :D

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  2. Bom saber isso das edições da Cátedra, tenho ali o Pedro Páramo dessa editora por ler! Não consigo imaginar melhor livro para te estreares nesse autor que um livro chamado "Miau" - mesmo nunca tendo lido. Olha, vai já para a wishlist!

    Acho que Portugal, estúpida e infelizmente, não está feito para os livros de bolso. Eu enlouqueço com os anglófonos porque lá mal se pensa no livro "grande", geralmente a primeira edição já vem acompanhada da versão de bolso, não há esperas de meses entre uma e outra. Pessoalmente, não desgosto dos BIS da Leya, mas não digo que tenham a melhor qualidade do mundo, não.

    E sim, li o Guerra e Paz em inglês num livro só e não morri por não o ler em quatro volumes separados... que lá está, nunca saem ao mesmo tempo. É absurdo! Caro e absurdo. Também dividiram os calhamaços dos livros da Guerra dos Tronos em tipo três cada um, é um disparate e um desperdício, especialmente de dinheiro.

    Haha, com tempo! Conheço bem a preguicite pós-férias. Curiosamente, a minha última review é de um livro comprado em Madrid :)

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  3. Madrid é óptima para livros e não só.Barcelona também e outros cidades,idem.
    De Galdós li "Miau" ofereceram-me e gostei.
    Até agora o meu preferido foi "Fortunata y Jacinta".
    Tenho ainda para ler, em português: " Rosalía de Bringas"

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