segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Concorrência

Eu gostava de conseguir compreender os taxistas, mas não consigo. Mais ainda quando boa parte do que dizem parece saído de uma emissão da Casa dos Segredos: não querem violência, mas...

Não consigo compreender um grupo profissional que parece lidar muito mal com a concorrência e que, perante o facto de que esta veio para ficar, responde com exigências ao Governo que, segundo o Expresso Diário, passam pelo aumento da bandeirada no Natal e no Ano Novo. Até compreendo que queiram as mesmas regras para a Uber e a Cabify, mas quem é que no seu perfeito juízo, perante estas novas empresas, acha que deve exigir o aumento dos preços no Natal e no Ano Novo????

Pelo que percebi, o Governo já está a preparar uma série de regras que as outras empresas terão de cumprir, no sentido de regulamentar isto e para que não exista uma carga de trabalhos para os taxistas e apenas benefícios para os outros. Ainda assim, os taxistas não estão de acordo. Acabei de ver na televisão um momento mais complicado da manifestação em que os taxistas encontraram um motorista da Uber numa estação de serviço. O que se seguiu parecia, novamente, a Casa dos Segredos, tantas foram as asneiras e os insultos que se ouviram. Neste momento já foi feita uma detenção por vandalização de um carro da Uber.

Nunca usei a Uber, mas já usei taxis algumas vezes e em boa parte delas fui mal servida. Numa das vezes fui insultada porque o percurso era pequeno de mais. Acontece que eu não sabia a extensão do percurso porque desconhecia a zona. O taxista (e tenho muita pena de não ter ficado com o nome dele) discutiu comigo, insultou-me e acabou a perguntar-me se eu gostava que brincassem assim com o meu trabalho. Note-se que ele recebeu mais de cinco euros em dez minutos de trabalho e eu não ganhava muito mais do que isso por hora. Teria mais situações para partilhar, assim como outros também as devem ter. Felizmente, também já me cruzei com bons profissionais, com viaturas limpas e que não deram a volta da Lisboa para levar-me onde eu queria ir.

Nunca usei a Uber, mas tenciono usá-la, precisamente pelas más experiências que já tive com os taxis. E porque não compreendo que todos os sectores tenham concorrência e que este tenha tanta resistência a esta concorrência. A Uber faz, pelo que sei, um serviço de tipo diferente, oferecendo outras comodidades ao utilizador (o facto de podermos chamar um carro da Uber sem termos dinheiro na carteira é óptimo, já que com os taxis temos de ter dinheiro e de preferência trocadinho porque eles parecem nunca ter trocos). Dirige-se a um público em especial. Todas as pessoas que conheço que já utilizaram os seus serviços saíram satisfeitas e mesmo quando o percurso não foi do agrado do utilizador, o dinheiro pago a mais foi-lhe devolvido. Não tenho até agora ouvido relatos de alguém ser insultado por um motorista da Uber porque o percurso é curto...

Enfim, o ideal era que convivessem todos em harmonia, mas parece-me difícil que tal suceda. Que se imponham regras que equilibrem as exigências a uns e a outros julgo fazer sentido. Mas não compreendo esta fúria contra empresas que, segundo os taxistas, fazem concorrência desleal para logo a seguir proporem o aumento da bandeirada por alturas festivas. Claro que se me pedirem mais dinheiro para andar de taxi no Natal, vou optar por quem me pede o mesmo que no resto do ano. Mas serei só eu a ver o disparatado disto? E agora vamos ver como isto acaba. Novamente: todos os sectores têm concorrência e têm de aprender a viver com ela. O dos transportes públicos ligeiros não será excepção.

1 comentário:

  1. Os taxistas são uma "raça à parte". Entre pessoas mal dispostas e tarifas discricionárias, e o mesmo percurso a ter preços diferentes de motorista para morotista (aconteceu comigo), acho óptimo poder ter alternativas. Se é certo que o sector precisava de regulamentarização, também é certo que faz sentido não ser um monopólio. O mercado é que decide quem "são os melhores".
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