Estive a ver a primeira parte da reportagem da TVI sobre crianças tiradas a pais portugueses no Reino Unido e estou ENOJADA. Não consigo compreender como pode um país europeu passar desta maneira por cima do que são os mais básicos direitos humanos. Tirar os filhos a uma mãe apenas porque houve uma denúncia e sem fazer qualquer tipo de averiguação ultrapassa os limites de qualquer compreensão. Colocá-los para adopção pouquíssimo tempo depois é absolutamente cruel. Os testemunhos que ouvimos nesta reportagem são um murro no estômago, daqueles que deixam tudo em volta a doer. Perder o direito a viver com os filhos porque acham que pode a haver dano para aquela criança no futuro é ridículo! Mas é mais grave ainda se considerarmos que existem agências privadas de adopção que depois distribuem estes menores por famílias que já procuravam crianças com esta ou aquela característica. Pelo que percebi, basta uma criança dizer que a mãe lhe deu um estalo para ela e os irmãos serem retirados de casa. Consegui-los de volta é uma batalha que ninguém merece e que pode chegar a nem dar resultado. Mas há mais: basta uma criança dizer que a mãe lhe bateu, como disse, para ela e os irmãos que existam serem levados... e separados. Portanto, de uma vez, um menor sai da casa dos pais para famílias de acolhimento (que, diga-se, ganham bom dinheiro por cada criança acolhida) e nem com os irmãos pode conviver. É tão revoltante que nem há palavras.
Uma das mães tentou falar com as entidades portuguesas competentes no Reino Unido. A resposta que recebeu foi a de que as autoridades portuguesas não podem imiscuir-se em assuntos do foro particular. Um representante português falou no âmbito da reportagem e diz que se trata de um país com soberania, blá blá blá... E portanto as assistentes sociais podem simplesmente ir, de um momento para o outro, a uma casa, retirar de lá os menores porque um menino tem uma nódoa negra, por exemplo, e daí a pouco tempo tê-los como disponíveis para adopção sem que ninguém possa fazer nada. E mesmo sendo cidadãos portugueses. É asqueroso. Nem consigo acreditar.
Amanhã passa a segunda parte da reportagem. Nem sei se quero ver. Não tenho filhos e, portanto, acho que só consigo ter uma pálida imagem da crueldade que aqui está. Posso apenas como filha imaginar o que seria, na infância, ser arrancada aos meus pais sem razão aparente e acabar adoptada por outra família sem que essa fosse a vontade da minha mãe e do meu pai. E no meio disso tudo ninguém me ouvir, ninguém me defender, ninguém perceber o que eu quero.
O Reino Unido, apesar do Brexit, fica na Europa e não no cu do mundo. É um país para onde muitos portugueses emigram todos os anos. Não digo que não existam situações em que a retirada dos menores faça sentido, mas não acredito em processos em que ao fim de poucos meses a criança já está para adopção, mais ainda quando aqui pelo meio existem agências privadas a trabalhar. Eu não tenciono emigrar, mas se precisasse de o fazer, neste momento estaria a cortar o Reino Unido da minha lista de hipóteses (o que, dadas as relações que têm com estrangeiros, os deixaria extremamente felizes).
Toda essa situação aqui é vista com maus olhos... não é de todo vista como necessario retirar assim os filhos. Mesmo ingleses assim o dizem...
ResponderEliminarBeijinhos,
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É terrível. Eu só me lembrava da II Guerra Mundial, quando muitas crianças de famílias "não arianas" foram dadas a outras famílias para que as criassem de acordo com o que era desejável. A crueldade do que fazem com estas mães não consegue, sequer, ser descrita em palavras. O que me custa ainda mais a entender é: por que não mudam? Se até aí este procedimento é visto com maus olhos, por que não se moderam? Além de que qualquer nabo junta dois mais dois e percebe que agências privadas de adopção no meio desta história (ou seja, empresas que, sendo privadas, têm de fazer dinheiro com isto tudo) são meio caminho andado para que tudo corra ainda pior. Nunca, mas nunca as adopções deviam envolver privados a ganharem dinheiro com isso. Pelo caminho ficam mães e pais torturados com uma prática que me lembra maus tempos históricos, que não conseguem fazer frente a este polvo de mil tentáculos e que nem com o seu país conseguem ajuda; ficam crianças que se calhar nem chegarão a saber quem foram os seus pais, que serão impedidas de viver com os seus porque uma lógica abominável assim o decidiu. É terrível! :(
EliminarDesculpa o testamento, mas estou mesmo revoltada com isto.
Beijinhos e obrigada pela visita.
Não vi a reportagem, mas vi um comentário à mesma. Acho revoltante terem tirado o poder aos tribunais para decidir uma coisa tão importante como o superior interesse da criança. Não são os direitos dos adultos que deviam mover estes processos, mas sim os direitos dos miúdos!! E se não há perigo, não podem, simplesmente, serem tirados aos pais! Em que mundo uma assistente social acha que pode tirar as crianças aos seus pais?! Eu trabalho em muitos processos de exercício de responsabilidades parentais, e há dias que fico louco com atitudes de pais e dos profissionais com quem temos de trabalhar. Aqui, para uma assistente social (a maioria) fazer um relatório de jeito, isento, e que se foque no que é importante, ou seja na criança, é preciso haver um milagre, pois são pessoas sem formação ou tacto para o que fazem. E lá decidem o futuros dos miúdos? E as entidades portuguesas nada. É simplesmente triste e repugnante...
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