sábado, 11 de maio de 2013

Paraíso Inabitado

Estou a gostar muito, muito deste livro da Ana Maria Matute. Paraíso Inabitado narra as memórias da infância mágica de uma menina chamada Adriana. Incompreendida, anã em terra de gigantes (o nome que atribui aos adultos), é constantemente comparada com a irmã mais velha, a certinha Cristina. Adriana gosta de se esconder, de olhar os pormenores, de inventar mundos, de ouvir e de criar histórias, gosta do silêncio e é de poucas palavra. Por isso é, aos olhos da mãe e da maioria dos outros adultos, uma menina "má". Felizmente há alguém que a sabe escutar e que percebe que sob aquela diferença toda está uma menina espertíssima e muito especial.

Nunca tinha lido nada desta autora, mas estou a gostar bastante desta história tão acolhedora e tão bem escrita. Experimentamos ver o mundo pelos olhos desta criança que se esgueira pela casa para espreitar sombras e para ouvir as palavras dos outros não por maldade, mas por curiosidade. Adriana vê um mundo muito diferente daquele que todos nós vemos. Encontra fantasia no muito que vê e, já que ninguém lhe explica nada, ela própria busca as explicações de que precisa para continuar. Vê unicórnios nas suas escapadelas nocturnas pela casa e vê uma infinidade de possibilidades num castigo no quarto escuro. De repente a menina punida sente-se uma exploradora, criadora de novos mundos que vai inventando e sentindo. Muito como ela é a tia Eduarda, irmã da mãe, e a única que a entende. Estou ansiosa para ver o que vai acontecer com esta criança e com a sua infância tão (perdoem-me o pleonasmo) infantil e tão diferente de muitas das infâncias de hoje, tão parcas em sonhos e imaginação, tão ricas em jogos de computador e futilidades.


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