segunda-feira, 20 de maio de 2013

Do primeiro amor

Um dos meus alunos é tão giro que tem, praticamente, toda a escola apaixonada por ele. Mas ele gosta só de uma menina, que eu bem sei e ele não mo esconde. O problema é que o desgraçado não tem sossego nos intervalos porque tem umas seis ou sete malucas a correr desalmadamente atrás dele e a gritar-lhe sonoramente aos ouvidos. A ideia delas é mais ou menos algo como "Se eu o ensurdecer e enlouquecer, talvez ele repare em mim". Não tem resultado.

Entretanto, a menina de quem ele gosta mesmo e que desconfio que também o adora vai andando por ali muito discretamente. Tanto que quase nem se dá por ela. Vai mantendo a histeria feminina das outras debaixo de olho, bem como as corridas de fuga em desespero que ele dá à frente das fãs, mas sempre muito graciosamente. Quase nem se dá por ela.

Mas ele apercebe-se, que não é parvo nenhum. E esta tarde resolveu dar-lhe um beijo. Melhor: resolveu roubar-lhe um. No meio do campo de futebol dirigiu-se a ela e, numa fracção de segundo, chegou a boca dele à dela, para desespero do resto das outras apaixonadas. E depois? Depois a menina de quem ele gosta virou a cara para escapar ao beijo (é assim mesmo, faz-te de difícil, pá) e, ao fazê-lo, mordeu a língua (a dela, felizmente). Resultado: a tentativa de roubar um primeiro beijinho levou a menina em lágrimas para junto de uma das auxiliares, perguntando se a língua estava bem porque a tinha mordido muito.

Ele lá deve ter ido para casa todo pimpão e tenho para mim que esta noite lhe vai parecer longa como tudo e que o amanhã nunca mais chega.

Sem comentários:

Enviar um comentário